quinta-feira, 25 de março de 2010

Tradições gastronômicas

Uma das coisas mais interessantes do período em que morei na cidade de Maringá, foi a tentativa de definições de qual seria o prato típico daquela cidade. Aguns historiadores procuravam saber quais eram os pratos típicos no tempo de sua colonização, nos idos da década de 40 no século XX. Pois é, já estamos falando em "século passado". É.

Um dos historiadores com quem conversei sobre o assunto disse que uma das escolhas poderia ser uma iguaria estranha denominada paca com batata. Aliás, para os dias de hoje, um prato nada viável, apesar de terem pacas criadas em cativeiro para fins comerciais. Tadinha das pacas.

Enfim, a procura de um prato típico até 2005 era algo que corria entre os historiadores locais como uma forma de ascender uma característica própria da cidade - algo que evidenciasse a característica gastronômica tradicional.

Porém, trazer a paca com batata da brumas do tempo seria como fazer como o esperanto fosse língua oficial no sul do recôncavo baiano. Nada feito.

Nada como a opinião popular. A unanimidade vence. Nada como uma escolha indiretamente realizada, sem a oficialidade historiográfica positivista. Nada de paca. Nada de Batata. Aliás, com batatafica mais gostoso. É do povo o famoso cachorrão, ou o famoso cachorro-quente prensado. Um grande quebra-galho para os estômagos maringaenses, tal como fora para minha fome universitária.

Em qualquer espaço maringaense lá está um carrinho de cachorrão, emitindo seus engordurados sabores por entre suas chaminés metálicas. Poético não? Uma tradição aprovada pela população que existe sem a persistência de imposições. E as pacas agradecem, contentes e satisfeitas.

Quem dera minha discussão aqui fosse sobre pacas e cachorrões, quando na verdade é a de sempre procurarmos uma tradição alientar que demonstre o potencial gastronômico de um macroespaço como de um microespaço.

Em macroespaço poderia voltar ao estado do Paraná e discutir a famosa disputa Morretes-Paranaguá-Antonina. Pode parecer 3 cidades do litoral paranaense, mas que disputam entre si a melhor receita de um dos pratos mais característicos da região o barreado.

Trata-se de uma iguaria feito empanela de barro, com carne de 2ª (ou não) que vai ao forno de lenha entre 12 e 24 horas, selado como uma "panela de pressão", onde a vedação dá-se com uma maçaroca de farinha passada em toda a volta da tampa para que nada vase. Restaurantes mais modernos os fazem em fogareiros à gás, enquanto os mais tradicionalistas mantém o fogão-à-lenha. Dizem os mais tradicionalistas que soltam-se fogos de artifícios como anúncio do prato. E antes de irem à mesa, os moradores locais dançariam um fandango. Haja paciência. Bonito, mas imagina isso a toda hora que algum restaurante pedisse um barreado? Haja salto e pólvora!

Tradição esta carrega a característica de sempre voltarmos aos tempos das fumaças dos fogões-à-lenha, da paciência. Pela ausência da tecnologia, pelas senhoras de receitas difíceis guardadas na memória. Já ouvi falar do barreado feito na panela-de-pressão. Soou saboroso, mas nem um pouco tradicional. Nem parece que seja barreado, pode ser qualquer outro prato, mas menos a tradição disputada no litoral paranaense.

No microespaço temos a nossa tentativa de chegarmos perto da receita tradicional, da deliciosa forma de enfeitiçar as visitas com um belo prato que marque a estada como algo atraente e marcante.

Quem dera que umadas maiores tradições em microespaço qe tnto vemos em qualquer lr brasileiro nada mais é do que o bome velho churrasco.

Carvão. Carne. Churrasqueira. Táboa de carne. Caipirinha. E uma tarde de domingo queé pra compensar a seguda-eira que lá vem. Uma tarde agradabilíssima que poderia ser substituída por uma frigideira, um almoço dentro de casa e ponto final. E por que não tentarmos ensaiar um churrascoem uma belíssima churrasqueira elétrica? Não!

A churrasqueira elétrica não traz em seu conceito o fato de tentar acender com álcool ou óleo o carvão (de reflorestamento faça-me o favor). Botou na tomada, está acesa. Ponto final.

Por que não lembrar dos gaúchos com suas fartas costelas de boi e seu quente chimarrão a passar de mão em mão enquanto a brasa esquenta as fibras musculares deste tão tenro pedaço bovino? 

A churrasqueira à carvão tem em si, desde à mais simples até a mais complexa, o fato de  cumprir-se rituais que possam trazer o maior prazer possível - do preparo da carne até o servir ao grupo. Algo que marca uma forma pessoal de voltar a um passado sem eletricidade, mas com o domínio do fogo, o domínio da carne e o domínio dos sabores - areceita própria- a tradição familiar, que marca aquele churrasqueiro, aquela família e aquela bela tarde dominical. E sem eletricidade, e se tiver, que seja para a música.

Entre o micro e o macro, somos seres que gostam de tradições, de rituais e de costumes. Do cachorrão ao fim da balada até o barreado com fandango. Do churrasco à feijoada com caipirinha. A mesa ainda é o convite aos bons costumes. A mesa ainda é o chamarisco para o passado tradicional. Para a distância da cidade. Para a inexistência de preocupações tecnológicas. Para uma marca regional.

Admiramos a permanência e a persistência das receitas e dos cozimentos populares, por mais que nossa sociedade se considere progressiva e tecoogicamente avançada. E sem paca, por favor!

Um comentário:

  1. entre minha visitas ao Brasil meu prato preferido e polenta frita com queijo ralado e muito chopp no bar da esquina, principalmente se estou numa roda dos amigos antigos. Tb nao vou esquecer do meu amado pinhao, que infelismente nao existe aqui nos USA. Pinao eh bom demais, cozido na agua ou assado na brasa!
    O BRasil esta ficando para tras em relacao "go green" precisam ficar mais correntes com os pratos vegetarianos!

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