domingo, 22 de agosto de 2010

Direita: volver!

 Eis que chegamos finalmente à tão esperada época das eleições. Esperamos com todo entusiasmo o movimento pelo qual bandeiras, caras, legendas espalham-se diante de uma necessitada população brasileira.

Não menos barulhenta, ressurgem as fagulhas de um passado recente brasileiro, quando ardiam as vontades militares pelos controles brasileiros. Eis que em nome da segurança nacional, em 1985, a nação teve o seu primeiro presidente civil pós-1964.

Não menos espantável são os resquícios permanentes da sociedade repressora. De um certo jeito, todas as vezes que ouvimos falar do fim da Ditadura Militar, costumamos prestar votos ao fim do militarismo político. Mas não da direita conservadora.

Quando vimos nascer a democracia política dos anos 80 e 90, esquecemos que os partidos que estiveram presentes na ditadura não baixaram suas bandeiras. Aliás, estão os estandartes tremulando perante nossas cabeças, com divisas totalmente modificadas. O que chamava-se MDB, hoje denomina-se PMDB.  E pode ter certeza: ninguém da ARENA resolveu propor suicídio coletivo quando acabou a repressão. Estão espalhados por aí com novos uniformes.

Basta observarmos as ações que considero atualmente como rastros permanentes da direita manipuladora militar. Por que será que um ex-presidente da República como o presidente da Câmara do Senado,  de um ex-partido considerado "do povo" dentro do militarismo bipartidário ( onde só brincavam de pega-pega ARENA e PMDB) baixa um pedido para proibir divulgações a respeito de sua vida no Estadão? Por que será que diante de uma democracia, o silêncio é necessário? Ou a máxima "quem não deve não teme" também poderia ser "... não censura"? Opa! Quando será que falávamos tanto de censura da imprensa, das velhas receitas de bolo ou mesmo de Camões e seus versos no caderno de política?

E a última que está nas mentes conservadoras, que levantam a ideia de que o voto deve ser "útil"? Explicando tal situação, resume-se que o indivíduo deveria votar naquele cuja característica seria basicamente a menos pior entre tantas outras. Mas, o voto não é uma escolha popular? Não é um dos poucos momentos em que somos convidados a dar a nossa opinião, independente de qual seja? Será que esquecemos que por trás da urna eletrônica temos um tapume de papelão que nos protege de olhos xeretas? O  "voto útil" é mais uma deixa dos tão preocupados conservadores que não aceitam a opinião pública.

E por que não citarmos a última do TSE, que por um acaso resolveu proibir humoristas a trazerem sátiras de nossos queridíssimos candidatos em nossas eleições? Como se esse tipo de coisa fosse realmente deturpante diante de nossos tão inteligentes e preocupados com o bem estar de nosso sofrido povo:



Não é por um acaso que nosso querido José Simão, colunista tão engraçado da Folha de São Paulo, dá o Slogan ao Brasil de "País da Piada Pronta". Um indivíduo lança a candidatura pelo Partido Republicano e fala que "Pior do que está não fica". E que não sabe o que é um deputado. E os humoristas, que sabem do que se trata, tem noções políticas, podem tratar tudo isso com inteligência têm a boca selada por atributos de ridicularização.

Deixemos de ser trouxa e passemos a enxergar que a direita controladora ainda vive  pelo Brasil afora como um módulo de controle da voz popular. Vote em quem você tiver consciência real. Leia o jornal que você achar mais passível aos seus pensamos, sem que ninguém que se considere um líder parlamentar proíba de falar de sua própria vida. Ache engraçado a palhaçada que esses políticos fazem com a gente, crie consciência a partir de nossos humoristas, que com o sentimento de gozação, nos mostram que ainda somos imaturos, tanto ao votar, como ao candidatar.

Nossa democracia ainda sente o cheiro dos porões da ditadura. Em porções homeopáticas, mas estardalhantes como laxantes. 

domingo, 15 de agosto de 2010

O que você faz quando?

Todas as vezes que chegamos em casa, depois do trabalho, ou depois de uma bateria de estudos em nossas escolas, sempre temos algo que está em nosso cotidiano. Alguns sentam-se diante do televisor e assiste a programas sobre esportes, outros sentam-se diante da família num requintado almoço, outros nada fazem.

Ótimo! Cada um tem seu hábito e seus próprios costumes, que não precisam ser transmitidos a ninguém. Absolutamente ninguém. A não ser que a pessoa de fato queira pluralizar situaçoes para outras pessoas, mas não sei até que ponto que tudo isso seria de fato interessante. Pode ser que em uma conversa sobre hábitos, surjam determinados comportamentos, porém não conheço ninguém que tenha me abordado do nada e dito coisas sobre seu cotidiano íntimo, como "oi, tudo bem? Acabei de levantar do sofá e fui ao banheiro. Depois voltei para o sofá" - um tanto quanto inútil.

A bem da verdade, estou citando o fato de que o nosso íntimo mais íntimo, aquilo que não contamos a ninguém, é apenas nosso. É aquilo que é reservado ao nosso momento em que não queremos compartilhar nada com os outros, simplesmente nosso. De mais ninguém.

Porém, nos últimos tempos, tenho acompanhado uma invasão de privacidade muito grande por parte da internet. Pessoas invadindo computadores? Não. É o simples e fatídico caso das pessoas ativamente passarem informaçoes sobre suas vidas em sites de relacionamento mundo afora.

É o caso do twitter. Considerado um dos divulgadores instantâneos de maior impacto informativo dos últimos tempos, este tem sido um dos veículos mais utilizados pelos internautas, para expressarem seus sentimentos. Neste caso, estou sendo específico nos assuntos íntimos. Sei que o Twitter não é só isso, também tem uma prestaçao pública interessante, mas, neste caso, o enfoque é no quesito "pessoal".

Tenho twitter e não utilizo como talvez algumas pessoas acreditam ser ideal. Náo tenho tempo suficiente para isso, muito menos paciência. Mas quando falamos de vida íntima, observo o quanto as pessoas tem se preocupado em divulgar o que elas fazem no seu íntimo. E por que não dizer o que as pessoas estão fazendo na hora exata, mesmo não tendo um computador disponível? Basta um ITouch e as informaçoes em tempo real são divulgadas.

Sinceramente, estou cansado de ver pessoas dizerem que vão ao supermercado e voltarão em breve, ou que irão fazer algo que não seria de fato do interesse de ninguém. Simplesmente divulga-se o inútil como espetacular. O que é nosso, só nosso, virou dos outros.

A fofoca tornou-se ativa. Aquilo que os outros descobriam e logo era divulgado sem a permissão do "acusado", agora tornou-se cotidiano. Todas as pessoas fazem questão de justificar o que fazem de suas vidas sem que de fato o outro necessite. Se estão em uma balada, falam que estão afim de alguém próximo, como se isso fosse um problema do mundo

Carência. Resumiria toda essa situação nessa singela palavra. Estamos carentes do contato humano real, e tentamos a cada dia, fazer com que as pessoas enxergassem no virtual, como seria o real. Sempre faz-se algo. O ócio é proibido e demonstra uma morte eletrônica - sem mensagens, não existe.

Dinho Ouro Preto teria expressado em sua letra o que talvez seria esse mundinho sem o twitter - um mundo escondido e íntimo, onde as pessoas não saem divulgando, mas fazem por fazer parte de suas vidas. Sem que os outros tenham a real necessidade de saber. Aliás, o fato delas não saberem tornam os atos extravagantes e emocionantes.

Agora, o extravagante tornou-se cotidiano. O íntimo tornou-se social. Pobres almas que cuidavam de suas almas por si só, e que hoje se sentem obrigadas a ter que fazer os outros verem o que se passa de fato em suas vidas. O que é meu é seu.

Achamos esquisitos BBB's, realities shows, mas vivemos em um. Atualizado em tempo real, sem Pay Per View.O que você faz quando ninguém te vê fazendo, virou passado. E em uma carência generalizada em tempo real.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Inversão de significados

Todas as vezes que vejo algum documentário sobre as antigas civilizações, principalmente sobre as civilizações do norte da áfrica e do Oriente Médio ( egípcios, fenícios, mesopotâmicos), presencio sempre uma tentativa de explicar a relação desses povos com estudos astronômicos.

E de fato realizavam, um tanto quanto inocentemente, sem a preocupação e a tecnologia que temos nos dias atuais. Porém a perspectiva é totalmente diferenciada.

Acreditavam e realizavam estudos sobre a influência dos astros na vida e no cotidiano terrestre. Nas plantações e nas cheias de seus rios. De uma certa maneira, sempre interpretei que os antigos povos veneravam e procuravam respostas da manutenção do espaço terreno pelos astros. Eram estudos complexos mas que não quebravam a harmonia de tudo que ocorria em seu mundo de convívio - olhavam para os astros e contemplavam como divindades guiadoras do destino humano. A visão era inocente, inatingível e superior - apenas existe, nos influencia e devemos venerar.

Meu espanto está nos olhares atuais. Da década de 50 do século XX para frente, o desenvolvimento da tecnologia fora tão rande, que a Lua foi apenas um dos limites. O planeta marte já teve seu conteúdo analizado fisicamente e cogita-se um passeio para lá para ter-se uma perspectiva real do que se passa por lá.

Trocando em miúdos, hoje conseguimos alcançar tais planetas. Não são mais divindades - são territórios consquistáveis e fisicamente analisáveis pelo homem. Não há mais necessidade de venerações ou mesmo de adorações - estudos físicos explicam o por que de sua permanência constante em rotações e atraçoes de massas, Einstein e Sagan calcularam e comprovaram.

Não somos mais inocentes. Nosso planeta é apenas mais um planeta entre tantos. Por que dignificá-lo se podemos ter outros?

Eis o problema: a inocência do homem antigo preservava o ambiente enquanto deuses giravam noite afora. A harmonia do ambiente de vida não era quebrado para conquistar o mundo conhecido. O desconhecido era um auxiliar, inatingível.

Para nós, o desconhecido, o deus, o venerado, tornou-se conhecido, ateu e despresado. Conhecido pois não há limites para chegarmos até os planetas, é mais costumeiro do que imaginamos. Ateu, pois não são mais vistos pelos grandes astrônomos como influentes do nosso ambiente. Existem por uma evolução originária do Big Bang e ponto final. Desprezado, pois a importância não é grandiosa - é físicca, visível e jamais venerável. O homem estudou tanto para  que o mistério fosse deixado de lado.

Nós não temos mais mistérios - criamos suposições comprováveis que podem responder a várias situações do universo. Logo, a necessidade de preservação foi deixada de lado, e passamos a dar mais importância ao atingir o planeta do que preservar nosso mundo.

Alcançamos fisicamente os planetas, enquanto nosso mundo é jogado literalmente no lixo. Temos dinheiro para enviarmos satélites para nossa órbita, mas não abrimos nossos bolsos para aliviar a fome da nossa própria população - vide África, Ásia e sua favela mais próxima.

É por essas e outras que interpreto o sentimento de atingir com o sentimento de desprezar. Chegamos a Lua e não temos mais água no planeta. Por que não procurar outro que tenha?

Felizes eram os antigos povos, cujos deuses astrais eram inatingíveis e o próprio planeta Terra era enigmático, porém harmônico.