terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Abelhas

Várias espantam. Porém apenas uma basta para nos chamar a atenção.

Uma abelha é suficiente para que a gente fique atento se ela não avança. Independente de ser alérgico ou não, ninguém gosta de uma picada de abelhas. Exceto os sado-maso, mas isso não vem ao caso.

Mas o caso não é uma abelha má. Ela rondava e rondava a cabeça de um rapaz que tentava afastá-la, sem sucesso. Uma, duas vezes ela tentava avançar. Chegava perto do copo de refrigerante que por vezes foi impedida de se aproximar. Até que num descuido ela conseguiu chegar ao copo.

Não foi ao conteúdo do refrigerante, mas a uma gota da borda. Em questão de segundos, a gota sumiu, seu abdome inchou, e dificultosamente ela voou, como um caminhão em sua carga máxima. Desapareceu.

O rapaz sacou o desejo da abelha: não era atacar, queria o refrigerante. Nada mais, sem ataques, sem zumbidos infernais. Colocou um pouco do refrigerante por cima de uma outra superfície para que, ao invés de ir ao copo, que fosse para o outro lugar.

Dito e feito: lá foi a abelha pra outro lugar, encher o ventre, que logo virava um caminhão pipa e voava pesada e sem rumo. Por umas 4 vezes ela repetiu essa ação. Trouxe até uma companheira para acompanhá-la nos sabores de um novo mel sabor limão.

A tampa da caixa térmica deveria ser guardada. A festa acabou ali, o rapaz foi embora. Nada mais de refrigerante, nada mais de abelha. A abelha ficou procurando a tampa, em vão.

Poderia ter sido pior: a abelha poderia num surto psicótico  ter avançado e deixado um belo ferrão na pele do rapaz. Toda abelha tem seu lado inofensivo. Pode ou não atacar, se for necessário. Mas o refrigerante não poderia ficar ali para sempre, o rapaz deveria sair da beira-mar para sua casa. Tudo deve ser respeitado. A abelha talvez tenha compreendido isso. Teve que compreender: não havia mais ninguém ali, a não ser a mata, a areia e as ondas. Nada de refrigerante. O homem teve que compreender: nada de picadas, nada de ataques.

Talvez ela tenha achado um novo copo de refrigerante num canto qualquer. Talvez ela tenha se encontrado com um jornal enrolado e ido para o céu das abelhas. Uma bastou para compreender que tudo tem sua medida.