sábado, 29 de agosto de 2009

A triste existência de uma placa

Nada como fugir do centro da cidade e poder ter a opção de pegar um trecho de rodovia, que faça o mesmo caminho que seria realizado, sem enfrentar faróis, carros, surpresas e lentidão.
A opção da cidade de Marília é a rodovia do contorno, cuja opção inteligente primária (creio eu) seja a de interligar as rodovias sem a necessidade de utilizar o espaço urbano.

Ufa! Tal empreitada rendeu aos marilienses uma variedade de opções, por interligar em um mesmo trecho, várias passagens rápidas que dão acesso rápido aos mais diversos bairros da cidade.

Quem pega o acesso a estrada, depara com uma placa imediata: um pare, que se não for sinalizado na própria via, tem seu símbolo vermelho gravado em placas, ou senão, o velho e esquecido triângulo pra baixo com bordas vermelhas, o dê a preferência.

Plaquinha esta, cuja triste existência se encerra nos diversos cruzamentos do Brasil. Tal tristeza não é diferente na rodovia do contorno em Marília.

Lá está ela, pra baixo e firme. E pobremente lembrada. É só você experimentar passar pela via direita da pista dupla que você sentirá a tristeza de ser uma placa de dê a preferência. Não serve pra nada. Buzinar e piscar com as luzes do carro de nada adiantam. Má vá lá! Já que a pressa é grande, avance. Aliás, pra que que serve esse triangulo vermelho mesmo? Ah, tá ai e boa!

No CFC, pelo menos eu aprendi que essa placa exige parada total, tal qual a placa pare. Tanto é que nas provas de direção, apareceu o triângulo vermelho, a parada é total. Mas na vida real, ela tem uma exceção. Se não tiver tráfego, manda bala! Toca o barco!

Que existência down! Viver parando ou não parando, ou não sendo usada. Se trata de uma placa que é um prato cheio para os acidentes mais sórdidos nos cruzamentos. Já que eu tenho que dar a preferência, prefiro ir de uma vez e o outro que vá para a pista da esquerda, como é tão comum na rodovia do contorno, ou em qualquer rodovia brasileira.

Os estudiosos de tráfego perduram com a necessidade desta placa. Mas por que então ela é aplicada nos estudos de CFC como parada total? Então ela pode facilmente ser substituída pela placa PARE, vermelha e octogonal.

Mas nããão... tá lá, ela lá, triangular, de bordas vermelhas. Deve ser muuuuuuito mais barato para as gráficas de plotagem fazer um triângulo de bordas vermelhas. "Corta ali, aqui e ali e pronto!". Agora, imagine: "Corte essa placa ali, ali, ali, ali, ali, ali, ali, ali." Cansa hein??

Entre facilidades e existências, a placa de dê a preferência é a placa que simboliza a a escapadela brasileira: É a chance que temos de sair da rigorosidade do mundo burocrático brasileiro e passar adiante. No Brasil tudo é muito fácil: se você precisa de um atendimento médico público, nada mais fácil que esperar por 4 horas na porta de um consultório para ser atendido e constatar uma tradicional virose.

Por que não dar uma escapadela, já que tu conhece um enfermeiro amigo, que te deixa entrar pela porta do fundo do hospital e o próprio conhece um médico gente fina que te atende escondido? Pronto! Tá lá no coração do brasileiro a placa dê a preferência! Porque se você for esperar na fila, preencher o formulário, pronto, a placa PARE do hospital reluz. E nesses casos, a placa PARE é realmente difícil de ser confeccionada por nós. Já pelo mundo público afora, está burocraticamente estampada.

Nós brasileiros, temos incorporado nos sentimentos de ir e vir os planos do burlar. E por que não burlar? Ninguém está vendo mesmo! Não nos preocupamos com a necessidade do próximo, então, vamo simbora macacada! Não se trata de uma crítica, mas vivemos com muitas burocracias, e tudo em excesso, cansa.

A Rodovia do Contorno na cidade de Marília, não foge a regra. Ela é um desafogamento espetacular de um trânsito pesado das velhas ruas. E desafogar nessas horas chega a ser sentimental: estar diante de uma placa de dê a preferência é como ouvir a placa dizer, vai logo! E pronto. O destino traçado em 5ª Marcha à 80 km/h chega a desapertar o cinto na nossa cintura.

Se queremos motoristas mais educados, o correto é banir de vez a placa dê a preferência. Pare de uma vez e pronto. Mas somos sentimentalistas demais para isso.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Princípio nem sempre é princípio ou não.

Sempre o começo de um blog é esquisito. Todo mundo ( ou ninguém) espera criar um blog e sair bombando pelas ondas eletrônicas da internet. A não ser que o indivíduo já seja um veterano nesses espaços ou que ele (ou ela ou o que melhor convir) seja famoso.

O começo geralmente para a mídia tem que ser bombástica, explosiva e imediata. Tal qual a inauguração de uma praça ou monumento. Pode ser uma bela de uma porcaria. Mas a inauguração... ah, a inauguração! Chega a ser mais monumental que o próprio monumento.

Nunca tive sequer experiências com esse tipo de linguagem. Vivo passeando em blogs engraçados, mas criar um? É a primeira vez.

Chega a ser estranho então dizer que sempre o começo de um blog é esquisito. Por que usar sempre, se estamos diante do primeiro blog? Sempre não tem a idéia de continuidade?

Meu sempre é tão significativo e filosófico, a ponto de transformá-lo em um sinônimo talvez inadequado, porém realista: para você que cá está e lê, neste momento, sempre é sinômino de início.

Mas assim como sempre não é sinônimo de início, eu também nunca tive um blog. E assim como eu nunca tive um blog, não sou famoso nem bombástico. E incrível: bombas não foram soltas e nenhum monumento fora erigido.

O início nada mais é do que algo estranho, ilusório e devidamente experimental. Entre monumentos e famosos, entre inexperiências e continuidades, parto do princípio que o início é um grande "não sei". E sempre foi assim.

Desculpe-me se causei algum mal estar ou se você não está entendendo nada. Mas é melhor assim.