segunda-feira, 30 de maio de 2011

Um mundo quadrado

O interessate de nossos tempos é que as mudanças aparecem rapidamente. Porém cabe a nós acompanhar ou não o que vem por ai.



Muito me interessou este comercial apresentado pelo Itaú, em que as mudanças são apresentadas. Se fossemos comparar a outros tempos, provavelmente iríamos ver que realmente apresentam algumas verdades. Muita coisa mudou. Umas para o bem. Outras, tento entender.

O que eu tento entender é porque que o comercial mostra um mundo, que considerado no caso como um planeta, torna-se quadrado? Por que os novos empresários são novos?

De uma certa maneira o mundo ficou quadrado. Basta observarmos o quanto que as coisas vão ficando chatas. Com a globalização, o diferente ficou igual. Nada mais nos surpreende. A quantidade de informações dobraram. Enfiam-nos guela abaixo questões que muitas vezes não queremos, mas a internet virou um jornal aberto ao público. E o que fazemos com tudo isso? Nada, provavlemente.

Pensando bem, voltamos a teoria da terra plana. Limitados. Limitados por ter tudo e não saber o que fazer. Em igualar as nações e não respeitar as culturas e crenças. De fato, creio que a terra ficou quadrada, chata, sem destino diferente. Tudo é igual, disponível, cansativo, desnecessário. Quadrado.

Os jovens assumiram novas posições. E talvez se esquecem que antes deles, os velhos também já foram novos. E que também enquanto jovens, ficarão velhos. E que também serão substituídos. Num ciclo que é mais comum do que imaginamos.

Cada vez mais pessoas novas como ricos empresários, que se tornarão velhos. E o que farão quando chegarem em idade avançada? Continuarão novos? Serão inovadores? Será que aceitarão as modificações da sociedade futura, tal qual criticamos com nossos olhos estes que hoje são velhos? Serão garotões divertidos? Serão meninas sagazes? O tempo passa para todos. Não somos eternos jovens. Mesmo assim estamos nos tornando indivíduos que cada vez mais cedo, procuramos cirurgiões plásticos para tirar as rugas. Envelhecer é digno de medo.

Achamos que o mundo mudou para melhor, quando ele ficou mais chato, menos surpreendente. Achamos que assumir posições cada vez mais cedo é importante. Talvez não seria melhor que déssemos tempo ao tempo e construir situações sólidas, independente da idade? Deixar o tempo passar, conforme enchem-se as velas?

Será que temos que acreditar que temos o mundo nas mãos com o avanço tecnológico das informações? Não é que o mundo ficou mais acessível num apertar de um mouse que estamos bem. Temos cada vez mais para conhecermos cada vez menos. Enchemos nosso HD de informações e agora não sabemos apagar. Temos tudo e não somos nada. O mundo nos tornou chato.

Cabe a nós acompanharmos as mudanças. Deixar o tempo passar ou fazer o tempo passar mais rápido. Acreditar que o mundo está girando mais rápido ou deixar que a velocidade do mundo seja dele mesmo. E que cada indivíduo tem a sua própria velocidade.

Vivemos em um mundo quadrado. Chato. Cheio de informações que não prestam para nada. O lado desconhecido agora é conhecido. Para que explorar?

Jovens. Visionários de riquezas e espertezas, que pensam não envelhecer. O tempo não pode passar.

Queremos mesmo que o mundo mude?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Final de mês

Não data que mais assuste qualquer proletariado do que o final do mês. Visto que a maioria da população tem o recebimento salarial por volta das primeiras semanas. Há quem receba para o final do mês. Porém, mesmo assim, sempre se programa para fazer os pagamentos de contas para o início do próximo.

E já que as contas nos comandam, acabamos nos regulando pelo resto que nos sobra. Para o divertimento, para as compras e para o que quiser.

Mas o final do mês...

Ele vem e nos deixa curiosos das possibilidades. Da possibilidade de sair em um sábado a noite, de poder gastar um pouco mais e de fazer o que vier na telha. Mas trazer a possibilidade não significa poder fazer.

Temos que ter a paciência e olhar para nossas contas e carteiras e observar pacientemente as 24 horas de cada da um dos últimos dias do mês para que chegue o começo do próximo. Mas mesmo assim, esses dias finais são crueis e suficientemente massacrantes.

Olhar pra carteira e pensar em sair machuca. Olhar pra carteira e querer cometer um exagero também. Mas nada como um bom cartão de crédito que salva todas a situações. E tornam a conta do próximo mês mais recheadas.

Sofrimentos e apertos a parte, nada como um momento de reflexão. Nem tudo na vida da gente é realmente necessário que façamos o de sempre. Podemos improvisar e realizar algo mais simples e tão significativo.

Também é a oportunidade do descanso. De dizer não à balbúrdia e procurar um recanto pessoal. De usar para si um momento. Deixar para lá os outros.
O final do mês é mais necessário do que imaginamos. Nos dá a oportunidade de imaginarmos nossas formas de mudar essa stuação e talvez ganhar mais. De descansar. De revisar as foras de gasto e tentar um equilíbrio para todo o restante do mês. Mais benéfico do que imaginamos.

Mas vá dizer isso pro inconsciente? Achamos o final do mês cruel. Massacrante. Obscuro. Sangrento.

Ele não é sangrento. Nós que o sangramos, 12 vezes por ano. Enquanto lá está ele, quieto. Moribundo. A esperar os próximos 30 ou 31 dias. Sem divisão monetária.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Paralelepípedos

Quem quer esconder a História? Quem teria coragem de esconder o próprio passado?

Talvez quando observamos a nossa história, poderíamos ver tudo o que fizemos. Ou que não quiséssemos lembrar.

Vejamos parte da antiga porção da cidade de Marília. Nas proximidades do trilho de trem, tanto a Avenida Brasil quanto a avenida Nelson Spielmann são refúgios históricos. Não por seus personagens... pessoas importantes passaram por lá?

A história dessas avenidas não depende das pessoas - dependem de si mesmas. Como elas foram feitas e resistem ao tempo.

No auge da construção e urbanização do centro da cidade, tal porção fora pavimentada com paralelepípedos. Interessantemente, como forma de melhorar a passagem de automóveis, uma camada de asfalto foi passada por cima do antigo pavimento.

Eis a situação: tecnicamente, o asfalto perante o pavimento antigo acaba sendo pouco resistente e com vários impactos e passagens de carros, acaba ficando quebradiço e demonstrando os paralelepípedos, principalmente entre encontro de ruas.

O paralelepípedo demonstra-se mais resistente que o asfalto e demonstra sua simplicidade sem muito esforço. Pois torna a prefeitura a enviar indivíduos para recapear a via asfáltica. Passa o tempo, e retornam os paralelepípedos a darem o sinal de vida, num ciclo semi-eterno de tampa, destampa.

Eis as avenidas, eis nossas vidas.

Quantas vezes não tampamos as situações do nosso passado, que foram fixadas em nossas hitórias por tempos? Será que tampar funciona?

Acostumamos a tampar nossos problemas com mantas asfálticas, como recapeamentos que são temporários. Em breve retornarão.

Ou tiramos os paralelepípelos e refazemos a parte asfáltica, ou passaremos o resto da vida tampando, ano após ano. Ou tiramos a manta asfáltica e deixamos como parte histórica da cidade, os paralelepípedos. Expostos, para todos.


Enfim, a situação está nem lá nem cá - não retiram - só cobrem. Na vida, a história passa pela mesma situação - cobre-se e recobre-se problemas. A história não pode ser apagada.  Recapeamentos funcionam?

Por que não fazer uma nova via? Por que não fazer uma nova vida?

Eis as avenidas, eis as vidas.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Cisnes mortos

Estamos sempre acostumados com a perfeição padrão. Entre as mais belas danças, os mais perfeitos movimentos. Entre os músicos, os perfeitos sons.

Poderia aqui dizer que toda regra tem uma exceção, porém a situação em si não é uma exceção - é permanente, pelo menos por essas bandas tupiniquins.

Um dos vídeos mais populares nos últimos tempos, trata definitivamente de uma situação emocionante: uma exceção diante de uma regra.




Trata-se de um John Lennon qualquer, que por qualquer oportunidade, deseja realizar uma dança como qualquer outra pessoa. Pensemos, pois. Um indivíduo mal vestido apresenta-se diante de um jurado arrogante, detentores da sabedoria da dança. Qualquer roupa. Qualquer dança.

Eis a regra - esperar que alguém apresente-se diante do palco com roupas maravilhosas, tal qual a velha regra de beleza. Mas não. O indivíduo em si demonstra-se como qualquer pessoa. Porém, vejamos: por que não apresentar-se com as melhores roupas.

Para o dançarino, que por um acaso é seu próprio coreógrafo,  qualquer roupa é necessária. Para o jurado, não.

A exceção é o fato de ele interpretar uma das cenas mais clássicas do ballet mundial: a morte do cisne, da peça de Tchaikovsky. Mas será que pelo visual ele poderia? Será que ele realizaria qualquer dança? A primeiro momento sim. Uma dança qualquer. Para o ato em si, algo emocionante.

Fez um ser humano arrogante escorrer lágrimas. Um jurado aplaudir de pé. E uma jurada mudar sua opinião quanto aquilo que foi apresentado. E tudo permanece como não imaginávamos. Mas a arrogância não desce de seu alto patamar. Lá corre o jurado a limpar suas lágrimas, também dera: onde já se viu demonstrar-se algo tão cruel como a emoção?

Mas não é a primeira vez que a arrogância ganha seu espaço: lembremos pois de Paul Potts ou mesmo da nossa querida Susan Boyle, que demonstraram o que eles também passaram pela mesma situação. Alguém estranho que possui estranhas feições. Uma mulher desarrumada que parece mais uma cozinheira.

Julgados inicialmente pela arrogância. Ovacionados pelo público e pelo júri. Eis a regra.

Arrogantes jamais descerão seus níveis altíassimos para verificar algo que não está só no centro - a periferia (neste caso periferia é o fato de não estar no centro, no lado perfeito, na posição ideal para os catedráticos) também produz gênios.

Mas a arrogância é maior. Jamais admiraria o comum, o simples e o real. O real que pode estar em qualquer esquina. Que pode estar em qualquer ser humano. O comum que vive todos os momentos em uma vida qualquer, sem oportunidades. Uma latência diante de um mundo isolado pela arrogância.

Quem sabe a arrogância das universidades procure inteligências ao longo dos morros e periferias urbanas. Quem sabe a arrogância dos doutores nas artes possam ao menos uma vez na vida descer de seu alto patamar e realizar cada vez mais audições?

A arrogância não descerá o morro - ela precisa subir. E descer de seu alto patamar. Parar de criar conceitos artísticos e fugir do comum. As pessoas podem fugir do comum, que para eles é a alta escala artística.

Esperemos que essa regra um dia conquiste uma exceção - a exceção de deixar o orgulho de lado e ver a beleza num mundo além de si mesmo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O rei vai obrar

Uma (entre tantas) cenas do filme Carlota Joaquina - a Princesa do Brasil de Carla Carmuratti que mais atrai sobre a figura do Rei D. João VI, é a cena em que supostamente o rei pede para que parem a carruagem para obrar. 

Obrar, para nosso sentido é defecar. Em termos mais chulos, cagar. Então o personagem pede para que parem para que o rei obre. O destaque é: o condutor anuncia a todos: O REI VAI OBRAR.

Logo após aparece a cena do mesmo sentando-se em uma privada própria para viagens. E lá a grande figura do rei justifica-se como em todo o filme - uma figura tola, se possível cansada, a cagar. O mais interessante é a a grandiosidade que é apresentada pela figura do rei. O filme em si é uma mostra da imagem diferente apresentada do monarca - um rei tem problemas, mas é rei. Mas tem problemas. Mas é rei. Esquece-se que ele é um ser humano e o eleva a condições sobrehumanas.

Temos sempre a imagem glorificada dos líderes coroados - talvez carreguemos as heranças do absolutismo justificando a figura do rei como um indivíduo que lá está por vontade divina. Alguém que é dificilmente visto, e quando o é, porta-se com roupas diferenciadas, carregando em si uma tradição enorme.

Pode até nos encantar mesmo por que não é todo dia que vemos reis, fato este extremamente reduzido perante os sistemas de governo mundo afora. Prevalece de uma certa maneira o presidencialismo e o parlamentarismo.

Entre elas, a monarquia mais tradicional permanente é a monarquia inglesa. De poderes representativos, a família real carrega apenas em suas tradições as antigas formas de governo e de adorações indiretas - roupas e ritos magníficos de encher os olhos de qualquer indivíduo.

Mas também são seres humanos. Que carregam tradições. Mas...

Mas o casamento também atraiu nossos olhos. Disse a midia que se tratava do casamento do século. Disse a mídia que cerca de 2 bilhões de pessoas neste planeta ( não sei em outro) puderam acompanhar tal enlace. Porém o que acontece é: o que atraiu tanta atenção?

O príncipe se casar talvez seja um ato que não acontece sempre, visto que a família real Inglesa não é aquilo de grande. Então acaba virando algo sui generis. Mas para tanto?

Para dizer que no início de um século, em que nem passou 10 anos de seu início e já há algo que valha para 100 anos? O mundo deveria realmente parar para ver um casamento, como se fosse um conto de fadas? Será que nos esquecemos que o último tão grandioso foi o marco de uma traição tremenda (Vide príncipe Charles)? Seria realmente necessário o cocheiro anunciar ao mundo que o rei iria obrar?

Traições temos todos os dias. Defecar é algo mais comum ainda. Casamentos espetaculares, basta comprarmos uma revista elitizada recheada de fotos e propagandas de lojas caríssimas.

Entre defecadas um tanto quanto falsas, e casórios verdadeiros e outras coisas mais, precisamos cuidar mais de nossas vidas. O espetáculo não está lá fora.

Nota de rodapé: em 1 semana toda a população brasileira vai esquecer de toda essa situação. Até chegar outra, tão medíocre quanto. Quanto uma defecada.