domingo, 27 de dezembro de 2009

Mandi ensaboado


Imagine um peixe sem escamas por natureza, não que você tenha tido o trabalho de retira-las. Liso. Ensaboe-o. Ou se quiser, passe uma camada de óleo por toda a sua superfície. Agora tente pegar firmemente com suas mãos. Conseguiu? Se você não conseguiu, parabéns, você acabou de provar na prática o que é a expressão "bagre ensaboado". Se conseguiu, também te dou meus parabéns, pois a situação é embaraçosa e vossa senhoria com certeza está abraçado com o peixe, para que ele não escorregue de vez.

A nossa querida expressão se remete a justamente isso: ser liso, ligeiro diante de alguma situação. Escapar facilmente ante às imtempéries apresentadas ao indivíduo em si.

Apesar do linguajar lexicográfico, a situação é essa: escapou rapidinho? Bagrão ensaboado! Prometeu e convenceu? É bagre! Tu escapou meu caro! Merece o título!

Enfim, estou cá para falar dessas escapadelas que estamos tão preparados para "passar por" e para testemunhar. E não estamos tão longe de uma situação dessa. Principalmente quando vários representantes do mundo se encontram para discutir problemas ambientais e coisas do gênero. Aquele lance todo de Gás Carbônico e tal... aquecimento global... coisas as quais sabemos que está acontecendo, estamos acostumando, percebemos em nossas peles que algo está ocorrendo, mas não queremos acreditar que ocorre.

Pois bem, lá está o nosso querido peixe, nadando pelas superfícies de Copenhage. E dou a licença poética ao me querido bagre, pois esse é africano e desde que eu me conheça por gente, ninguém nada em superfícies sólidas, rasteja. E é resistente fora d'água.

Pois nosso querido bagre,carregando em suas guelras seu sabonete dove, que é pra não ressecar a pele como um sabonete comum, passou o mesmo pelo seu liso corpo e de imediato pulo no colo do presidente dos Estados Unidos da América, Sr. Barack Obama. 

E não é que ele gostou do Mr. President? Ficou se esfregando durante o discurso e paulatinamente nosso querido chordata nadador passou pela suas mãos e lá ele fez seu salto mortal e significativo: saiu voando como nenhum pássaro faria, mas como qualquer bagre bem betumado faria.

É bem disso que eu estou falando: Mr. Obama não defendeu nenhuma posição quanto à meta para redução de emissão de Gás Carbônico. Falou, falou e não fixou meta nenhuma. Viva o bagre!

E não é diferente aqui na terra em que bagre tem de monte, e quando é tem muitas semelhanças ao africano, canta e tem ferrões venenosos. Chamam costumeiramente de mandi. E não diferente, estamos em um país de pronta pescaria, em que nosso querido mandi ( pra ser um pouco tupininquim) anda pulando nos colos de várias pessoas.


E por que não falar que nosso mandi esteve em colos cinematográficos? É. Ele foi dar uma nadada por entre os set de filmagem do filme Lula, o filho do Brasil e lá passou de mão em mão. E por que não ser tupiniquim de novo e aproveitar que nosso queridíssimo mandi utilizou-se de sabão de coco para dar um duplo-salto-carpado-ao-molho-tártaro?

Pois foi nosso querido animal e pulou no colo do diretor, do presidente e de vários políticos. Quando diziam: Não é por que estamos entrando em ano eleitoral que lançamos o filme, lá vai o mandi pro chão, com a rapidez que a gravidade auxiliada pelas falhas palmas das mãos  não agarram nosso bichinho. Vai mandi!

De um lado, nosso querido Obama tem um bagre que pulula em seus dedos em questão de um mercado financeiro qe observa atentamente o que ele falaria: reduziu o Gás Carbônico, é diminuir a economia do país. Diminuir a economia americana é perder espaços para a ecnomia chinesa. PERDER PARA A CHINA? MÁ NEM DEFECANDO!

O bagre ensaboado pesa na consciência política por mais que se queira fazer modificações. Impôr condições econômicas é praticamente uma situação que não cabe à uma pessoa, mas ao sistema todo, cuja rede está mediada por reduções ou aumentos. E chaminés e avanço industrial, neste caso, estão diretamente ligadas: cresceu um deles, cresce o outro por consequência.

E não é diferente por cá: por que não falarmos que tudo o que tem acontecido não é nossa culpa? Talvez eu ter citado o caso do filme do Herr Prrrrrrresident foi algo ameno, mas estamos cansados de escândalos que terminam em pizza. Ué, por que não esconder tudo não é mesmo? Nossa rede é um pouco mais escandalosa. O sistema que segura todas as informações com certeza vem segurando coisas que estão há tempos acontecendo dentro da política brasileira, costumes dos corredores das salas do planalto central, que qando reveladada, é esquisita. Mas é costumeira. E pra dizer que não é errado,basta dar aquela escapadela e justificar com palavras que não respondem nada.

Dois sistemas: a economia global, que avança e não quer recuar, e a política que favorece os pouquíssimos e escolhidos do povo. Duas espécies de bagre, que nadam, nadam, sem parar. E continuam insistindo em nadar. E a pular em colos e braços muito bem preparados e medrosos de perder seus poderes.

Viva o bagre! Viva o sabão! Viva a doce união entre ambos!  

domingo, 20 de dezembro de 2009

Monumentos humanos

É normal que quando somos perguntados sobre alguns monumentos, lembremos de imediato de um ou outro: Assim que nos perguntam da Torre Eiffel, lembramos de Paris, da França. As pirâmides, do Egito, de seus mistérios. Cristo Redentor: Brasil. É uma atividade mecânica e natural, pois está bem guardada em nossas memórias. Também dera: o tamanho ajuda né?

Enfim, nos lembramos do monumento em si. Óbvio, nos cansaria ter que lembrar como foi feito, mas ainda é uma das coisas que mais intriga os historiadores de plantão: como ergueram-se as pirâmides? Eram os deuses astronautas?

O monumento por si só está lá. Monumental. Aparecido que só. Grande. Todo mundo vendo. Esplendoroso.

Mas aí que vem minha inquietação: O que seria dessa grandiosa lembrança a torre eiffel não estivesse sobre um solo francês? Ou das pirâmides se não fosse testemunha do seu antigo povo? Ou de Petra com suas detalhadas colunas?

Nos lembramos o que é, mas não lembramos o porquê. A humanidade ergue monumentos grandiosos para lembrar cada vez mais algo marcante naquele momento social. A torre eiffel fora levantada como comemoração e foi considarada pelos franceses uma aberração arquitetônica no início do século XX. Mas está lá como um dos maiores símbolos monumentais.

Mas o monumento por si só não diz nada do seu povo. Não fala dos feitos, ele aparece. Fica ali, grande. Alguns arquitetos podem discordar de mim, mas, a grande questão que tenho é: a grandiosidade está no solo, no povo, ou no monumento?

Somos egoístas e adoramos símbolos - eles representam a pureza e a grandiosidade de cada um, mas não conta a história de cada um - está simplesmente lá, como um marco territorial, como um signo daquele país.

Preferimos os símbolos, os grandes feitos, mas esquecemos que quem o fez ou de quem ele o simboliza. A França seria tão grandiosa como um país se só tivesse o Arco do triunfo e ninguém mais? Só o templo de Karnak e mais nada?


Esquecemos do povo. Esquecemos de quem está abaixo dos grandes monumentos. Dessas meras formiguinhas que fazem nossa sociedade andar, caminhar ou ficar como está. Preferimos os monumentos deixados, admirar a beleza que resplandece em cada um, e esquecer do que está rolando.

Tomemos como exemplo um monumento simbólico religioso em território brasileiro: A Catedral de Maringá. Cartão postal da cidade. Simbolo da grandiosidade e da beleza contida nesta cidade planejada. Belíssima. Porém, para que tanta beleza, se sua grandiosidade não fosse o reforço espiritual daqueles que procuram conforto? Se ela não fosse um marco para os maringaenses da lembrança eterna da presença visual da Igreja Católica na cidade ( visto que ela é praticamente visível de qualquer parte da cidade) com toda sua imponência? Seria algo grande e bem visível.

O que seria da catedral se não fosse construída por homens e para os homens? Apenas um monumento grande.

Duvidamos da capacidade matemática dos egípcios nas construções das pirâmides. Perto do que acontece hoje em Dubai, o Egito está no chinelo. Mas subestimamos tanto a humanidade que podemos ainda atribuir o feito da beleza das pirâmides aos extraterrestres. Para alguns, o homem não seria capaz, quando o homem egípcio era muito mais inteligente do que imaginamos.

Trocando em miúdos, insistimos nas coisas grandes, belas e magníficas mas não observamos para quem foi feito. Não nos atrai os feitos dos franceses que cruzam e passam a trabalho em todo o território francês. Gostamos das pirâmides egípcias, mas fechamos os olhos para os problemas sociais que sofrem os egípcios. Gostamos do Cristo Redentor mas não gostamos das balas perdidas. Adoramos erguer estádios novos para as olimpíadas, mas o povo não está nem um pouco satisfeito com suas condições sociais.

Gostamos do monumento em si. Somos covardes para com a História. Somos covardes com os humanos que mudam com o tempo e fazem a nação ali mudar. Há algo sempre diferente acontecendo no solo francês, egípcio ou romano. Mas o monumento não muda. Tá lá.

Gostamos da grandiosidade arquitetônica, enquanto a verdadeira grandiosidade está nas mãos dos homens. Que mudam dia após dia. Que se modificam. Enquanto deixamos de ver os grandes monumentos como grandes marcos. Enquanto eles podem ser uma inspiração da grandiosidade da humanidade - de onde o homem pode chegar. Mas preferimos a beleza.

Enquanto admiramos os grandes monumentos, ainda estamos amarrados em nossa mediocridade. Só aprenderemos a grandiosidade humana quando voltarmos os olhos para os humanos, e pensar que o homem é mais capaz do que se imagina. E os verdadeiros monumentos estão vivos, convivem, atuam e são mais importantes do que imaginamos. Enquanto os monumentos arquitetônicos são apenas símbolos.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Demagogia contemporânea

Quando falamos do termo demagogia, estamos falando de um termo que vem do grego que ao pé da letra significa "condução do povo". Isso é consequência direta da prática tão existente na Ágora, em que os discursos entre os cidadãos (homens livres) atenienses, o como seria conduzido os problemas internos e externos desta distinta cidade.


No auge do Século de Péricles, quando a Democracia, ou grosso modo "governo do povo" era a prática em que em Atenas, todos os homens livres poderiam participar da vida política, julgando assim que o indivíduo poderia participar na Ágora, local dos debates democráticos, de dois modos: ouvindo sobre as principais discussões ou proferindo sobre suas idéias acerca dos assuntos debatidos.

Eis que o indivíduo, ao participar do debate em si, tornando suas idéias verbalizadas, não poderia trazer qualquer tipo de ideia: o indivíduo deveria apresentar um discurso convincente o suficiente para que todos pudessem debater calorosamente. Do contrário, apenas mais um falando.

Por isso que uma das atividades mais importantes, além do discurso na ágora, era o indivíduo refletir sobre o que seriadito: eis que o otium ou ócio era necessário: um momento para que eu possa refltir sobre o que é necessário falar ou não.

Misturando tudo: O indivíduo, se homem e livre, podia participar das discussões, que se fosse utilizar da palavra, que procurasse fazer da melhor forma possível, sendo nesserário ser pensamentos importantes para a discussão - dessa forma, Atenas poderia ser conduzia, por meio das decisões dos homens que ali viviam.

Porém, hoje, vemos que as coisas não mudaram muito. QUando ligamos nossos televisores nos momentos mais decisivos da vida política de muita gente que tem por aqui,no planeta terra, vemos a quantidade de discursos que são literalmente pensados para convencer não só a homens, mas também a mulheres e idosos, cuja a participação democrática é bem maior do que a nossa Atenas antiga.




Alguns tem alguns segundos, outros um pouco mais: mas na propaganda eleitoral gratuíta, engraçada ou não, é a evidência da utilização do discurso para poder conduzir ( ou não) o povo.

Demagogia na Grécia antiga era o exercício da condução do povo - hoje é o exercício do blá-blá-blá, ou seja, o antigo demagogo conduzia o povo, o atual, só fala e fala  fala e...

Mas ainda o disrcurso tem poder - é com ele que se pode convencer o povo a tomar determinadas atitudes perante a urna eletrônica e tocar o Brasil pra frente (ou não). Por mais que tenhamos o significado original do termo demagogia modificado, falar ainda é importante. Precisamos convencer de algum modo, não é mesmo?

Querendo ou não, damos ainda força ao discurso - é ele quem tem o poder perante a massa popular de conduzir. Agora se vai fazer é outros quinhentos.

Trocando em miúdos, se na Atenas democrática, o discurso convencia, hoje ainda não é tão diferente: permanecemos com nossos ouvidos bem abertos e acreditando ou não no que nos é passado. Ainda somos convencidos pela fala do locutor, e como intelocutores, julgamos positiva ou não a fala - e votamos.

Quem dera o problema fosse do Brasil, mas em 1 ano de governo do nosso queido Barack Obama, fomos capazes de perceber que seu discurso convenceu e lhe atribuiu um riquíssimo prêmio Nobel, por trazer esperança ao povo do mundo ( quiçá de outros planetas né?).

Ainda somos tardios ao acreditar que em 1 ano, a paz está instaurada e o prêmio Nobel pode ser atribuído à um discurso bonito à uma prática em período inicial - por trás de tudo, a demagogia contemporânea prevalece - a de falar sem fazer, a de convencer. E isso nos traz a insegurança de que o Prêmio Nobel não é mais escolhido respeitosamente.

Se hoje demagogia é falar demais e não fazer nada, acreditar nos discursos e dar continuidade a políticas estranhas é provar que a demagogia é um discurso que conduz o povo, ou seja, no dicionário mudou e não mudou nada na prática.

Ainda somos uma população que foge da análise das atitudes e procura bonitos discursos. Falar é o suficiente. O discurso, por mais que digamos que não, funciona como a última abertura da caixa de Pandora, que deixa a esperança voar por entre os povos. Pena que na mitologia, a caixa permanece fechada menos as bocas, que com belas palavras, conduzem o povo. E do mundo inteiro, viu?

domingo, 6 de dezembro de 2009

Medievalismo contemporâneo

Como bons brasileiros, já estamos em espectativa para o final de ano. Amigo secreto, e outro, e outro e...

Amigo secreto é a coisa mais legal do mundo: todo mundo troca presentes, não ganha o que queria e ainda temos a cara-de-pau de fazer cara de "gostei"! Tá valendo!

Fora a festa em si que marca o final de ano, não podemos nos esquecer das gloriosas festas de despedida que estamos tão acostumados a fazer: a festa que encerra ou fecha o ano, em que ninguém bebe nem come nem fala besteira. E eu nem fui irônico.

É uma cadeia de rituais importantes para que possamos finalizar o ano. Independente das religiões, realizamos essas séries de eventos como um marco de passagem de tudo que aconteceu, como coisas boas e ruins.

Não seria diferente se recordássemos dos nossos queridos colegas medievais, cuja perspectiva de ano a ano era o famoso "mito do eterno retorno". É mais ou menos o seguinte: cada ano tem uma continuidade de plantios e estações os quais voltarão a acontecer no ano seguinte - logo, um mesmo ano retornará a funcionar com talvez o mesmo padrão climatológico.

Passaram-se anos e anos e a idéia permanece. Chegamos aos finais de anos e fazemos festas para que tudo retorne em paz. Ou melhor! Fazemos essas festas e saímos felizes e contentes distribuindo "boas festas", "feliz ano novo" e coisas do gênero. Até que chega o dia 31, procuramos saber quem foi quem ganhou a corrida de São Silvestre e dali para frente é só preparar o fígado que lá vem rojão e bebida e felicidade e lágrima e...

Dia 1º de janeiro é um dos dias mais entediados. Podemos até continuar a festa do dia 31, mas depois do dia 1 vem o dia 2... Paciência, é só ligar a televisão que veremos a preocupação de nossos queridos repórteres em dizer que as estradas estão lotadas, congestionadas. Mas pra que ficarmos nervosos? A globo já anuncia a partir da virada a nova dança da mulata Globeleza! Pronto! Fiquemos felizes! O carnaval já vem!

Depois vem os festejos da Páscoa para os judaicos-cristãos e para os cristãos as festas juninas. E depois aquilo tudo que a gente já sabe.

Na verdade trabalhamos com dois calendários: o medieval e o nosso, contemporâneo. O medieval é aquele que funciona escatologicamente - tudo pende para um final e um recomeço. Tudo começa no gênesis e termina no "amém" do apocalipse. Ou, para moldarmos grosseiramente, terminamos o ano com a esperança do nascimento do menino Jesus e logo nos primeiros meses do ano, as comemorações da morte surgem, para que ele ressussite e renasça no final do ano. E assim podemos marcar nossos ciclos de plantios e de climas, pois não podemos nos esquecer que a Idade Média dos séculos IX e XIII são marcados pela fortaleza do mundo feudal ruralista e fortemente infuenciado pela cristandade. E o ciclo é intermitente, até que o apocalipse chegue (uia!).

Fora as datas cíclicas, não podemos deixar de pensar na nossa escatologia: os bimestres escolares, os ciclos de vendas divididos em semestres e para todo mundo, o ano sendo encerrado e pronto. Esperemos o ano que vem chega e estamos prontos para o novo ano cíclico. E não é diferente para os agricultores e para os grandes empresários.

O nosso calendário contemporâneo, é aquele não gostamos de jeito nenhum. É aquele que nos recorda que tudo não passa de um gigantesco ciclo que não tem início definido e também não tem fim definido, apesarmos de sermos imortais. É aquele que nos dá um friozinho na barriga quando alguém nos diz: Janeiro é mês que vem. E o ciclo de meses e datas são meras formalidades que se modificam pelos ciclos climatológicos. Mas que são contínuos e não tem fim. Alguém sabe quando os dias deixarão de ser dias, apesar do domingo não ser um dia de trabalho ou de segunda-feira ser tão chato? Os dias serão dias como qualquer outro ou assim continuará enquanto a rotação da terra não mudar ou coisa que o valha.

Dos dois, ainda somos medievais o suficiente para acreditarmos que tudo no ano que vem será melhor, e deixamos de pensar que podemos continuar sendo melhores dia após dia, independente das formalidades numéricas.

O calendário contemporâneo é chato e muito realista. O medievo prevalece. preferimos esperar que o ciclo 2009 está acabando e estamos comemorando nossas conquistas para que chegue o ano de 2010. E o ano de 2010 não tem um mês que vem, e sim, o mês do ano novo.

Somos escatológicos, gostamos das coisas com início, meio e fim. Continuidade cansa a qualquer ser humano, apesar da escatologia ser contínua, as festas serem basicamente as mesmas. Mas insistimos que são diferentes. O número é outro. O ano é outro. Somos ainda medievais.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Popularidade fonográfica


Desde que nosso querido Thomas Edison realizou experimentos para conseguir gravar os sons que preenchem o espaço da audição humana, começamos a ampliar nossa necessidade de termos uma distração dentro de casa, sem ter que ter a banda inteira ( e já pensou uma orquestra inteira só pra tocar um trecho de uma música?).

Eis que o tempo passou e as coisas foram se aperfeiçoando. Um simples cilindro tocava uma pequena música, bastante para o final do século XIX, mas pouco para o século XX.
Um cilindro seria um pouco dificultoso perto da facilidade de um disco, que caberia uma música ou mais.

Pronto, até poderíamos usar os dois lados! Acabou um lado, vira, usa o outro! Uma das invenções mais bem transmitidas e populares do século XX - o disco de vinil.

No início necessitava de 72 Rotações por minuto para ser audível, com no máximo 1 música por lado. Aos poucos a tecnologia fonográfica foi se aprimorando e já na década de 70 ( que salto temporal hein?) os discos de 45 e 33 rotações começaram a se popularizar: mais músicas em um mesmo lado do disco.


Do disco, apareceram as fitas cassetes, invenção exclusiva da Philips - uma longa fita gravada com uma facilidade imensa de manipulação - apertou um botão, virou, nem precisa se preocupar com sacudidas ou pancadas - não tem agulha!

E se popularizou imensamente - pela sua versatilidade e sua capacidade de gravação. Foi uma invenção que não acabou com o disco de vinil, óbvio, se você realmente queria algo de qualidade, você não comprava uma fita, você compraria um disco de vinil. A fita era algo "não tão oficial" quanto o disco.

O vinil resistiu ao tempo e permaneceu com sua vendagem. Se não podia comprar o disco, grava a fita! Simples e prático! Só teve um problema que a fita não conseguiu superar - se durante a gravação do disco para a fita, se o disco enroscasse, o som repetitivo ficaria ali, gravado e repetindo, e repetindo e repetindo e gravando e repetindo e...

Enfim, nessa brincadeirinha toda, podíamos brincar de gravadora, de editores de discos. Os aparatos para se produzir o disco era enorme, o da fita, minúsculo. Então, por que não ter algo que se pareça tanto com o original para substituir?

O grande lance é que quando percebemos que a fita cassete poderia gravar algo que é necessário para a gente, o gosto pela cópia começou a aumentar.

Na década de 90, no Brasil, surgiram os CD´s, ou Compact Discs. Coitados dos LP´s, sumiram! Em 12 centímetros de diâmetro, consiguiria-se gravar um disco inteiro. E não precisava virar o CD, tava ali, tudo gravado, nem precisava mexer, toca tudo sozinho. E por que não pensar no final da década de 90, quando se começa a popularizar as gravadoras de CD, como forma de gravar esses tão compactados discos?

Ainda temos o mesmo espírito de ver o CD original como algo primordial. E o velho disco? Há quem procure. E tem quem grave. E tem quem venda vitrolas, de alta tecnologia. Mas não tem quem queira tanto quanto queira um CD.

E por que não dizer dos MP3 da vida? Tão simples, rápido e prático. Basta um Pen Drive e Pronto! Tá ali, audível tal qual o original.

Trocando em miúdos: desde que aprendemos a gravar  o pouco do nosso universo sonoro, aprendemos a rapidamente a pluralizar o mesmo. Do disco para a fita, descobriram que um pouquinho de durex  em um buraco na parte superior da fita seria o suficiente para torná-la gravável. E lá se foi sua originalidade.Um cd virgem seria o suficiente para gravarmos como e quando quiséssemos.

Hoje reclamamos da pirataria, mas o grande lance dessa brincadeira é que esquecemos que todos nós procuramos preços baratos. Não seria uma questão de oferta e procura? Se posso fazer dentro de casa, porque comprar um original? O grande problema é que tudo isso começou quando a fita foi o enlace popular da manipulação individual das músicas. E hoje, o cd gravado nos camelôs causam prejuízo. As fitas não causavam? O problema é mais antigo do que se imagina.

O grande drible tecnológico, de inventar e reinventar algo que impossibilite de se reproduzir extraoficialmente, esquece que a tecnologia não tem amarras. Enquanto tentarem acreditar que algo impedirá definitivamente todos de gravarem algo que não seja original, terá alguma mente que driblará tudo isso. O que manda não é a originalidade, é a distração. O que manda não é a originalidade, e sim a oferta. E a vasta demanda.

domingo, 22 de novembro de 2009

Leitura imposta

Recordo-me dos meus tempos de vestibulando( que coisa mais retrô né?) que todas as vezes que eu vasculhava uma universidade pela qual eu teria interesse em prestar um vestiba, o que eu mais tinha medo era justamente a listagem de livros. Uma lista enorme de livros, cuja a familiaridade era totalmente longínqua.


Mas tinha que ler, porque com certeza no quesito literatura a saída era justamente saber o que se passa na obra. Então, passava eu pela biblioteca municipal e vasculhava o que tinah e o que não tinha. Quando não tinha, já deixava bem claro para que eu passasse novamente na biblioteca em outro dia para poder pegá-lo.

E lá ia eu nessa luta vestibulanda, de conseguir ler todos os livros sem medo de ser feliz. E apesar de tempo de vestibulando ser contado em segundos, entre estudos e matérias, a leitura ficava pros momentos de folga.

Para mim, como esse tipo de leitura começou justamente no período do Ensino Médio, a leitura era massante e cansativa. Mas tinha que fazê-la, pois o vestibular exigia.

Assim é que costumamos ler: por obrigação. Assim que comecei a ler. Mas nada foi mais interessante que o período universitário, quando por um acaso resolvi ler Machado de Assis, em sua obra Dom Casmurro. Me sentia atrasado por se tratar justamente de uma literatura própria do ensino médio. Mas não custava nada, baixei o livro e comecei.

Não foi espantosa a descoberta que tive ao ver que o livro, que na época de vestibulando era massante, no período universitário foi excelente. A leitura foi prazerosa. E sem que qualquer pessoa me disesse o que viria a acontecer no enredo. Embarquei e pensei comigo, que livro!

E realmente é um livro fantástico. Extremamente chamativo quanto à sua forma de atrair o leitor para uma causa misteriosa. Própria da sociedade dos fins do século XIX. Enxergava detalhe a detalhe qual era a famosa trama.

Mas o que mais me doía era o meu sentimento de atrasado. De me sentir fora do tempo, lendo um livro de vestibular, quando a minha literatura obrigatória era baseada na historiografia.

Desde então passei a indagar: Será que era eu quem estava atrasado ou a forma de imposição de leitura com a qual tive que me adaptar?

Apesar de minha prática de leitura ser tardia, por eu achar massante, a leitura imposta para mim não me ensinou a ler livros. Me ensinou a ter disciplina perante uma atividade futura, vestibular, prova do livro e relatório ou fichamento. Mas não a ler um livro.

Por um outro lado, aprendi a ler pelo fato de eu entrar em corredores de livros na biblioteca de minha faculdade e procurar livros que me chamassem a atenção. E um após o outro, criei um hábito que até então não tinha adquirido, sem qualquer obrigação.

Hoje, a leitura é uma entre tantas atividades que temos no nosso cotidiano - entre trabalho e estudo, sempre um tempo para a leitura. Infelizmente vivemos numa sociedade em que não se ensina a ler - obriga-se a ler e ponto.


A obrigatoriedade tanto a mim imposta, não fez de mim um leitor, como a gente insiste em acreditar que faz. Ler Machado de Assis depois do período dos vestibulares, não foi um sentido de atraso, mas de descoberta. O meu atraso por poder extrair informações que eu não conseguia extrair não foi o excesso de tempo para a leitura, e sim, descobrir o que é ler.

Se tudo isso não fosse apenas um problema meu, não teríamos tantos estudantes correndo atrás de resumos e livros em áudio. Virou moda entre vestibulandos. E desde que vemos tudo isso acontecer, ainda  acreditamos que impor um monte de livros torna o Brasil um país de leitores.

E Machado de Assis, Saint Exupery, J.K. Rowling são mais adultos do que imaginamos. A forma de se ensinar a ler no Brasil que ainda é infantil. 

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Reforma à sombra de uma peneira

Cultura é tipicamente uma coisa que caracteriza os usos e costumes de uma determinada região ou povo. Nada que esta seja a melhor definição para tal, porém, não podemos dizer que não seja ao menos parte de um significado maior.

Se formos nos basear a estes termos, podemos ver que este tipo de coisa provavelmente venha justamente a tocar em algo que é do nosso interesse. Pode até ser que não, mas no nosso bairro, na nossa própria casa, estamos envoltos em algo que é nosso, que é costumeiro, que é cultural.

Não sendo diferente, todo esse conjunto de diferenças, que tornam pessoas cada vez mais próximas, existe uma composição maior pela qual podemos observar que um país se pauta para dizer: isso é da minha terra.

Porém não estou aqui para discutir danças ou ritos de passagem. Estou aqui para discutir uma das situações mais delicadas do nosso dia-a-dia: nossa queridíssima língua.

Vinda de caravela da Europa, o português ( a língua e o povo, que coincidentemente tem o mesmo nome da língua) vem com sua característica latina, como a última flor de lácio. Pois lho é: somente 7 países no mundo utilizam a língua portuguesa. E pra não ser diferente, cada lugar acabou adaptando tal língua conforme os usos e costumes de seu espaço.

Como nossas professoras dizem, o português brasileiro vem da mistura de línguas africanas com línguas indígenas. Daí vem o nosso sotaque menos carregado, mais pausado, mais "audível" que o português original.

Tanto o é que identificamos rapidamente quando um português de Portugal está falando e quando um brasileiro está a falar. A utilização de consoantes e pronomes do caso reto e oblíquo são evidentemente diferentes.

E respeitamos. Assim como respeitamos o "carioquês" com RRRRRRrrrr´s e XXXXXXXXSss´s extremos. Assim como respeitamos o sataque gaúcho ou mesmo o sotaque nordestino, são adaptações linguísticas que demosntram claramente a limitação cultural de cada espaço geográfico-humano.

Não temos como escapar disso, e ficar de observador. Moro em uma região que o arrrrr é mais quente e que as vezes eu tenho que fecharrrrrrrrr a porrrrrrrrrrta. Então não saio do contexto cultural.

De repente, fomos bombardeados paulatinamente com informações de uma reforma ortográfica fantástica. Quando recebi pela primeira vez, achei tudo engraçado, pensei pessoalmente que seria uma grande "pegadinha do mallandro". Fui conversando aos poucos com os professores de português, e eles aos poucos foram confirmando: É verdade. Vai mudar.

Para quem tem curiosidade, a lista apresneta algumas modificações um tanto quanto interessantes, tal como ser antiético perante uma assembleia. Assim como vai ser ótimo para os portugueses economizarem caneta e deixarem de escrever óptimo.

Assim, todos os países lusófonos podem se intercomunicar por igual. Ah, que beleza! Finalmente uma modificação que vai fazer realmente o mundo mudar! Como eles não descobriram isso antes?

A situaçao é ampliar a intercomunicação entre os países africanos e portugueses.
Mas pera lá: se a base linguística é o português, por que modificar?

A situação mais parece que queremos que a lingua não desapareça de suas origens e as editodas possam comunicar-se ou vender livros para outros países. Assim todo mundo lê o que é em português.

Mas pera lá: não seria a nossa língua portuguesa uma adaptação cultural? E não seria o português de angola uma adaptação cultural? Não seria o português de Portugal a sua fonte e necessidade de expressão cultural? Por que modificar?

Na verdade estamos perdendo o respeito que há pela cultura alheia e preferimos dizer que está tudo certo se impormos regras culturais. Se a proposta é unificar a língua, por que não unificamos a cultura de uma vez?

Por que não adquirimos a cultura gaúcha e fazemos com que todos os brasileiros tomem chimarrão? Assim ficaria bem mais fácil, as empresas de erva-mate agradeceriam! Aliás, por que não espalhar essa nova imposição cultural para outros países? Principalmente os lusófonos?

Por que não impor a condição cultural lusitana para os países da língua portuguesa, fazendo com que todos passem a cantar fados mundo afora?

Machucaria cada espaço né? Ah machucaria, pois usos e costumes são extremamente dificultosos de se mudar.

Tomemos como exemplo a diferença linguística entre americanos e britânicos. Para quem faz um curso de inglês sabe que a diferença é berrante. Na grafia, Color e Colour são totalmente diferente assim como são marcas culturais tão fortes quanto center e centre. Por que não se faz uma modificação cultural por lá também?

A grande questão é que gostamos de tapar o sol com a peneira e achar que estamos com bastante sombra. Gostamos de falar que modificamos a lingua portuguesa para intercomunicarmos melhor com os países lusófonos e eles conosco. E quando adentramos  no Brasil, vemos que isso não melhorou a educação, não transformou nossas escolas e o português da boca dos brasileiros, continua se adaptando propriamente, sem regras ou imposições.

Assim como exigimos modificações, essa sombra peneirística que nos cobre não está em regras ortográficas: está no modus operandi educacional. Assim, deixaríamos de acreditar que somos melhores por regras novas.

Continuamos a acreditar que nosso país só tem uma cultura, assim como todos os países lusófonos tiveram uma mesma adaptabilidade cultural à imposição linguística lusitana. Desrespeitamos a cultura do outro com motivo de uma ampliação de diálogos. Quem dera nossos queridos linguistas que tanto lutaram por uma nova ortografia, não fizessem modificações que em sala de aula apresentemos as diferentes formas de escrita do português em seus diversos países? Preferimos criar indivíduos que enxergam apenas um pequeno mundo, de uma regra única, a transformá-los em poliglotas de uma mesma lingua. De diversas culturas. De diversos costumes. Num país multicultural e multilinguístico. Isso sim seria ampliação de diálogos.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pernas e Cérebros de fora

Casos e casos, nossa mídia mágica e fofoqueira adora uma boa discussão acerca de algo que envolva escândalos.





E não tem sido diferente nos últimos dias: presenciamos as pernas da aluna Geisy Arruda, universitária a passear pelos corredores da Universidade Bandeirantes, um dos baluartes da educação superior pluralizada e sem destino correto.


Segundo a declaração da universidade  o caso foi antiético e fora dos padrões acadêmicos. Asim a guria foi expulsa e até onde eu saiba, a diretoria enfiou o rabo por entre as pernas e voltou com a situação.


O que mais me espanta é a quantidade de pessoas que resolveram apreciar as pernas, fazer chacotas ou mesmo tirar fotos e filmar o que ali era exposto. Só a universidade inteira resolveu fazer um belo escândalo e a algazarra fechou para o lado dela.


Esquecemos muitas vezes que a mesma cena se repetiu na cidade de Marília, cujo caso foi que uma das alunas, cujo nome ausento, mas não o fato, teve suas fotos publicadas urgentemente há questão de 2 anos atrás pela internet. Suas fotos mostravam uma pequeno bacanal ( que termo velho!) em que ela e alguns pompeianos ( cidadão nascido na cidade de Pompéia, que não fica na Itália, mas sim nas proximidades da cidade de Marília) se divertiam.


Depois da publicação, a moça foi surpreendida por uma perseguição gigantesca em que estudantes de toda a universidade ( que no caso é a Univem) resolveram tirar uma com a cara da coitada e deu no que deu: vários alunos folgaram nas aulas e resolveram parar na porta da sala de aula dela para tirar foto ou gritar: "Agora é minha vez!"


Coincidência ou não os casos são parecidos: nos dois casos, os estudantes resolveram tirar satisfação da situação, saindo de suas salas de aula e direcionando palavras e ações as protagonistas da situação.


Talvez possamos comparar este ato com algum movimento teocrático em que mulheres são perseguidas por se exporem indevidamente perante a sociedade. Mas não é esse o caso. Não vivemos em nenhum regime teocrático muito menos somos suficientemente falsos puritanos para dizermos que não gostamos de qualquer que seja a situação, tanto da surubinha quanto da falta de cobertura de pernas.


A situação que é mais grave que tudo isso é pedagogicamente visível. Não é o fato de vermos pernas ou fotos, que nos causa transtorno.


A maior preocupação é a troca realizada no ato presencial: ao invés de entrarmos em sala de aula, por que não vamos procurar algum subterfúgio para podermos escapar dessa monotonia que é o estudar?


Nada mais simples que isso: a algazarra está na bagunça educacional que presenciamos dia após dia. Não ouvimos ninguém falando da vagabundagem dos alunos, que ao invés de lutarem por melhores estudos e melhores condições de vida, preferem trocar o estudo à bagunça.


Todos precisamos de divertimento. Mas isso tem hora e lugar. E o ensino superior não é pra isso.


O ensino superior no Brasil deve ser revisado quanto a sua formação e a sua pluralização de informações. Será que a proposta dos alunos que estão na Uniban, é a de realmente estudar?



Coisas esquisitas acontecem sempre: quantas não são as pessoas que preferem roupas alternativas, foras do comum para expressarem suas vontades? Quantas vezes não presenciei isto na Unesp? E não sai correndo atrás de ninguém com um celular para gravar ou dizer que se trata de algo bizarro?


O diferente está no cérebro dos universitários, cujo objetivo está fora da universidade. Se o espaço é preferencialmente para o estudo, a pesquisa e a extensão, por que um par de pernas atrai tantos os estudantes?


Preguiça: essa é a marca psicossocial registrada dos alunos que correm atrás de um diploma pago e nada querem de conhecimento - se qualquer outra coisa lhe chama a atenção é que todo o resto de nada presta.



Um par de pernas de fora não assusta ninguém: nenhum brasileiro acha isso feio em qualquer novela, ou em qualquer revista sensual. O que nos assusta é a quantidade de cérebros inúteis cujo objetivo universitário está fora da própria universidade. Pagam para lá estar, e não estudar - motivo psicológico definido pelo descaso de uma universidade inteira parar por causa de uma única pessoa.


Os cérebros é que estão de fora. O ensino superior é o que está a mostra. O descaso por uma universidade digna e de respeito é o que está de fora, é só ver a quantidade de universidades que surgem ano após ano, sem um propósito sério de existência. O ensino superior brasileiro é verdadeira prova do desinteresse educacional.


Por que não questionamos a quantidade de pesquisas desenvolvidas por aquela universidade? Por que não procuramos saber a quantidade de mestres e doutores que compõem as cadeiras dos cursos que tanto vemos nascer? Por que não discutimos o processo seletivo que realizam para selecionar novos alunos? Discutir putaria e pernas de fora é cabível aos estudantes, que deveriam se preocupar com suas pesquisas e a forma com a qual ele poderia colocar em prática tudo aquilo que ele vem aprimorando? Pernas e sexo são só desculpas para não estudar e provar que que nosso ensino não é superior.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Presidentes e presidentes

Como o Brasil mudou depois que acabou a Ditadura Militar! Foi um alívio para os brasileiros saber que dali para frente poderiam eleger um presidente.

Muito bem, elegeríamos uma personalidade de nossa própria sociedade que estaria apto a realizar o bem para todos os brasileiros.
Bom, começamos com uma eleição indireta, mas não era um militar ( E nessas horas podemos até esquecer que ele fazia parte da antiga ARENA, mas tá tudo bem, a liberdade é o que conta!) quem estava no poder. O sentimento de mudança pairava no ar. Mas não na economia. O Brasil carregava uma tradição inflacionária que começou a assar numa forma cheia de fermento a partir da década de 70.

Mas não estou aqui para discutir quem ou como foi que algum presidente da república se elegeu. Cá estou para fazer uma discussão mais profunda: ser presidente.

A figura do presidente, e não só o da república, é a imagem do salvador, do indivíduo que produzirá modificações suficientemente gloriosas. Por isso que talvez gostemos tanto de imaginar que os poderes estão centralizadas em apenas em uma única mão.

Mas brasileiro esquece de uma coisa. E do que ele não esquece, não é mesmo? Tem que votar pra tanta gente que memória fica sobrecarregada, e a gente acaba nem sabendo o que o Deputado Federal vai fazer. Enfim, não desviemos nossa conversa.

Voltando ao real interesse, esquecemos que nossos presidentes podem e designam pessoas de sua confiança para realizar suas tarefas. Ah, temos pouco tempo, então precisamos de ajuda! Se fosse no caso do governo do Brasil, a situação é lembrar que ele tem 4 anos para realizar seus planos. Para isso, nomeia-se os ministros! Ufa!

Assim eles poderão atuar tal qual o próprio presidente. Então divide-se em pastas importantes e começamos a caminhar. Depois passam-se os 4 anos e muda tudo, se não houver a reeleição como estamos testemunhando nos nossos últimos 2 presidentes da república.

Contando com a possibilidade de se mudar, o caminho pode passar por novas políticas. E novos ministros. E novas formas de governo. O outro presidente sai e é descartado. É ex-presidente, ou não presta pra mais nada. Já foi presidente.

Eis que o caos comanda. Ou ele virá a ser um indivíduo que critacará as ações do atual presidente ou apoiará se, no caso, for o novo presidente, do seu próprio partido. Apoiando ou descendo lenha, é ex-presidente do mesmo jeito.

Uma das coisas que mais me incomoda é esse comportamento: será que o indivíduo não presta para mais nada depois que foi presidente? Ou ataque ou apoio?

Imagino como funcionam nas pequenas estruturas que dependem de presidentes. Estou falando de pequenas estruturas locais que são suficientemente atuantes na nossa espfera social, tal qual associações de bairro ou mesmo grupos sociais, como o Rotary, Rotaract, Ordem DeMolay, Lions e a Maçonaria. E por que não falar dos Síndicos? Líderes pressionados e imaginados em mentes negras como figuras empaladas... pobres figuras!

Frequentemente esses grupos mudam de presidente, em média de ano para ano. Podem ser em períodos diferentes, mas possuem um período menor que a superestrutura brasileira. E são presidentes. E atuam em pontos locais, em núcleos bem mais reduzidos que a bucha de ser um Presidente da República.

E pelo que eu saiba, as buchas locais são tão complicadas do que as buchas maiores. Tais grupos atuam na ferida em si, num ponto que quem está olhando de cima, não enxerga. Talvez cubram até a atuação que quem olha de longe deveria fazer.

Mas estão lá, trocando frequentemente de presidente. E continuam. E que coisa incrível! Ex-síndicos, ex-presidentes de Lojas Maçônicas, ex-presidentes de Rotary e Lions permanecem atuando! Como presidentes? Não, como líderes, abraçando a causa e ajudando a outra presidência.

Não posso generalizar e dizer que todas essas organizações são perfeitas - lembremos que em teoria sim, mas em casos e casos, tem alguns probleminhas. Mas retirando os probleminhas, temos uma proposta em nível local muito interessante - que se mude de presidente frequentemente e que o outro que saiu, continue atuando. Proposta básica e simples, que não interfere no ideal maior - de fazer o bairro funcionar melhor, de fazer a nossa sociedade ser um pouco mais ativa e criar um aspecto de cidadania mais amplo do que imaginamos.

Entra presidente, sai presidente, as associações enquanto terceiro setor permanecem com as mesmas propostas, querendo crescer e atuando em seus pequenos espaços.

A proposta é simples: Um síndico quando deixa de ser síndico, continua morando no seu espaço. Um rotariano depois que se torna um ex-presidente, continua rotariano. Um presidente de Loja Maçônica também. A atuação enquanto um morador de bairro, ou qualquer que seja a organização continua.
Imaginem como seriam as organizações se seus ex-líderes fossem expulsos ou deixassem de atuar? O que aconteceria com esses agrupamentos? Provavelmente desapareceriam. Os síndicos deixariam de morar no prédio, um a um, até acabarem os moradores, as associações de bairro veria em conta gotas, o bairro se esvaziar.

A atuação local é mais importante do que imaginamos. Nenhum síndico é presidente do Brasil. Nenhum Mestre Conselheiro ( como se chamam os presidentes da Ordem DeMolay) possuem pastas ministeriais. Mas tem eles um espaço aberto. Para antes e depois de serem presidentes. E a proposta em geral é: não estou mais na presidência, mas abraçarei a causa e farei que nossa proposta continue, ao lado do próximo.

Acreditamos que toda a situação prevaleça assim. Presidente após presidente, ter a mesma prosposta - um ideal maior, positivo e sempre fazer cada vez mais. E depois de ser presidente, continuar atuando. E se errar em algum aspecto, fazer com que na próxima não ocorra.

Finalizando a questão, não precisamos ter cargos para sermos agentes da modificação da nossa sociedade. Não precisamos ser presidentes. Precisamos de braços que vão à luta, independente de posições hierárquicas. Que enxergam que as coisas não morrem quando tudo vai funcionar na mão de fulano ou sicrano. A coisa tem que funcionar independente de alguém: um desejo maior de esperança deve sempre prevalecer entre todos.

Quem dera nossos presidentes da República não fossem meros espectadores de uma sociedade em bancarrota, que preferem fazer discursos críticos, como se ele não fosse mais cidadão brasileiro, ou que o que importa é atuar enquanto presidente. Depois não se pode fazer mais nada.

O que seria do nosso país se um presidente, após o outro, tivéssemos governantes, que, apesar de partidos ou militâncias, lutassem pelo bem, como ex-presidentes? O que seria do Brasil, se nossos presidentes reconhecessem seus próprios erros e auxiliassem os novos a fazer o bem?

Aliás, o que seria do Brasil se parássemos de culpar apenas o presidente da República, que só sabe olhar de longe e começássemos a observar essas estruturas locais que existem? Do céu, o Brasil é um misto entre "amarelo e matas". De perto, está nossa própria pele. Os pequenos presidentes. As pequenas organizações. Que tanto ignoramos.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Boca do Lixo

O cinema brasileiro passou por um perído esquisito nos anos 70 e 80. Apesar de gênios existirem e persistirem, a saída para o nosso pobre cinema era a apelação sexual, ou o tão conhecido Pornochanchada, nascida num bairro paulistano apelidado de "Boca do Lixo", famoso pelos seus prostíbulos.

Famosa por uma série de filmes de fundos hilários, a vez era a do corpo e da sexualidade. Logo, o erotismo era uma das coisas mais exploradas da época. E quem disse que coisa proibida não vende?

Era o momento de grandes estreias artísticas, como Nuno Leal Maia, Vera Fischer, Xuxa e outros mais, cuja atividade era: finge que é sexo, que vende.

E vendia: os cinemas brasileiros, apesar de ser um momento de ditadura militar, permitiam censuradamente. Um seio de cada vez, porque dois é feio.

E assim ia. Mas esse público estava cansado de chanchada. Poderia evoluir para algo um pouco mais picante não? Não é a toa que em 1985, metade da produção cinematográfica se tornou de sexo explícito.

Pois é: O público literalmente dizia: Um seio só é pouco. Por que não tudo e mais um pouco de ação?

Um dos traços deste gosto libidinoso se pousou sobre um setor público em uma das cidades paranaenses, localizadas no Norte Novo. Sim, Maringá.

Um dos seus espaços culturais, denominado Cine Teatro Plaza, teve que recorrer na década de 80 a divulgação em sua telona de filmes pornôs. Sim, filme pornô. era o que fazia o teatro produzir lucro. Um tanto quanto esquisito, porém público.

E fechou. Entre as décadas de 80 e 90 o Cine Teatro Plaza fechou. Perdeu-se o interesse.
E pra tirar um pouco dessa característica isolada, nos últimos anos, o teatro passou por uma reforma e está (creio eu) reaberto, sem risco de gravidez ao sentar nas poltronas.

Neste caso, o Cine Teatro Plaza em Maringá acompanhou uma tendência brasileira: Se na década de 70 era erotismo e na década de 80 pornô, na de 90 só poderíamos ter um público cansado (piadinha de duplo sentido??). Duas décadas jogadas no lixo. Nasceu na "Boca do Lixo" e morreu no lixo, com o cinema brasileiro inteiro.
Pronto: acabamos com o cinema brasileiro.

Se aqui dentro o clima era de porcaria, lá fora não precisa nem perguntar: foi daí que o cinema brasileiro teve que renascer das cinzas e passar por um momento de trevas. A famigerada década de 90.

Foi uma década cinematográfica de tentativas e erros. Uma tentativa de trazer o público de volta para as poltronas e assistir a um descompromissado filme de origem Tupiniquim. E olha que incrível: pode levar a mãe junto no cinema que não tem problema de constrangimento!

Mas o filme não atraía a ninguém, a não ser que começassem a trazer um pouco mais de realidade: foi daí que os moldes cinematográficos começaram a retornar a uma característica própria e a mudar o cenário.
Qual não foi o nosso susto de ver um filme brasileiro concorrendo a uma estatueta de ouro, denominada Oscar?? Um bom exemplo foi o monótono fime "O Quatrilho". E tambem foi o caso do nosso famoso Central do Brasil, cuja atuação marcante de Fernanda Montenegro levou os brasileiros a assistirem a premiação do Oscar, que só era feita mesmo pra saber qual era o filme estrangeiro que ficou marcado entre os acadêmicos Hollywoodianos. E ganhou um Urso de Ouro!

Na verdade, estamos revivendo um momento de reativação do cinema brasileiro, em que páginas reais do cotidiano brasileiro são visitadas e gravadas.

Trocando em miúdos (gosto desta expressão né?), os anos 90 foram anos laboratoriais para a reativação das telas de filmes brasileiras. De tentar e errar. E errar muito.

E pelo que parece, estamos começando a acertar: Uma onda de filmes extremamente realistas começam a movimentar os bancos dos cinemas, que estavam cansados apenas de atrair brasileiro para assistir filme estrangeiro.

É o caso do filme Carandiru, ou mesmo do filme Cidade de Deus, cuja a perspectiva é buscar um passado (ou mesmo um presente) realista do cotidiano afastado dos olhos da classe média brasileira.
E nessa situação, por que não falar de Cazuza, cujo filme mostrou o lado vivo do artista que se transformou em símbolo pela luta contra o HIV? E indo mais longe, por que será que os Dois Filhos de Francisco foram tão marcantes? Uma realidade social por trás do sucesso musical de Zezé de Camargo e Luciano?

O brasileiro está começando a acomodar o seu popô nas poltronas dos cinemas para assistir um filme brasileiro. A moda da vez é revisitar a nossa própria realidade. Não a realidade sexual dos proibidos anos 70 ou 80, mas a realidade social que tanto convivemos e insistimos em não querer ver.
O cinema brasileiro ainda está em fase de experimentação. Mas nossos experimentos estão dando certo. Se não fosse a péssima fase dos anos 90, não conseguiríamos obter hoje, no início do século XXI, uma repaginação cinematográfica. E pra estrangeiro ver. E acompanhado dos pais, sem qualquer constrangimento.