domingo, 30 de maio de 2010

Charutos, divindades e jogadores

Já dizia o bom e "popular" livro, "O corpo fala" de Pierre Weil e Roland Tompakow que Sigmund Freud, ao fumar seu charuto, é olhado com espanto pelos seus alunos, como quem se remete aos cuidados de uma "fixação oral". A resposta de Freud foi simples e curta: " As vezes um charuto é apenas um charuto." Ponto final.

Não! Não acabou. A minha linha de raciocínio está ser desenvolvida ainda ao longo deste texto. É só pensarmos que nem tudo é o que a gente pensa ser, muitas vezes as respostas são mais simples do que imaginamos.

Talvez seja essa a abordagem que não compreendemos quando estamos diante de um outro país, outra cultura e outra religiosidade. Talvez a nós ocidentais seja estranho que um rio como o Ganges seja tratado com muito respeito religioso, ou mesmo que observemos pessoas fazendo oferendas a deuses com oito braços. Estranhamos plenamente, pois aquele deus não tem um significado para nós. Diriam os ocidentais que o Deus, Jeová, Javé, Jesus, é o Deus. E este é o familiar. Logo, para nós, aquela divindade é uma mera curiosidade diante de adorações e oferendas místicas.

Mas também não somos obrigados a acreditar que aquela divindade é uma divindade. Simplesmente existe e ponto final. A adoração é daquele povo, e enquanto a minha crença não for modificada, não a verei como uma divindade. É uma preservação de opinião.

É não tem sido diferente nesses últimos tempos... nossas divindades espantam-se ao não serem reconhecidas como deuses. Ao ler rapidamente o comentário de Fernando Fernandes sobre o comportamento observado por ele sobre a reação dos sul-africanos ao verem a Seleção Brasileira de Futebol, percebi o quanto tudo isso é semelhante, em um certo aspecto, à charutos e deuses desconhecidos. Viu serem os jogadores assediados ao irem a um shopping para tomar sorvete. E ao visitar algumas meninas em um jogo de Netball, serem completamente ignorados.

Ótimo, enquanto os brasileiros apreciam a visão de que temos deuses do futebol, e que eles representam o ápice do esporte, tudo isso não passa de  um "mero fato estranho" entre as gurias, jogadoras deste tão desconhecido jogo. Para elas são deuses dos outros, e não nossos. Mas não compreendemos desse jeito - insistimos que nossos deuses são deuses de todos e devem ser adorados.

Talvez seja o mesmo espírito pelo qual os espanhóis e portugueses vieram para o Brasil trazendo Jesuítas para a catequização de pobres almas indígenas, crentes de uma divindade estranha, cujo deus maior e desconhecido deveria pairar em tais pulsantes corações.
Nem todo deus é deus em todos os lugares. Nem todos os brilhantes jogadores da seleção brasileira de football são divindades em todos os lugares. São seres humanos como quaisquer outros, mas como somos orgulhosos por demais nesse sentido, as outras pessoas é que são tolas em não compreender tal situação.

Nem todo charuto é uma lembrança dos peitos de mamãe. Nem toda deusa Shiva deve ser reverenciada por todas as pessoas que não acreditam nela. Nem todo indivíduo da seleção de futebol é um brilhante jogador a toda humanidade, a ponto de merecer tietagem de todos os seres humanos. Pode ser para nós, mas não podemos obrigar ninguém que acredite no contrário, que de fato são.

Felizes são as meninas do Netball, que estão sem entender até agora o que aqueles jogadores do Brazil foram fazer ali.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Arquivo em processo de morte

Em uma não muito pacata cidade do interior de São Paulo, resolvi um dia fazer uma visita a um arquivo histórico municipal. Não sabia eu, mas o bendito ficava no interior do paço municipal.

Fui lá visitar tal arquivo. Me assustei com o tamanho, pois por uma cidade tão velha, um arquivo com menos de 15 metros quadrados seria deveras disperdício ou ausência de necessitaade de recolhimento de documentos.

Não tinha percebido que além do pequeno arquivo local, lá estava sentado um senhor, a folhear uma revista, como quem ali está a esperar alguém.

E me espantei quando reparei que ele era o atendente - ele estava literalmente esperando que alguém ali chegasse e utilizasse de sua bondade historiográfica. Obviamente lá estava ele com outra pessoa, para auxiliar nas pesquisas. Dar o direcionamento e quem sabe servir um cafezinho.

Ao entrar, já me indicaram a conversa com aquele senhor - ele saberia tudo o que eu precisava. Achei muito legal, e de fato aquele senhor sabia tudo. Escrevia alguns livrestos de história local, com aquele velho ar positivista dos prefeitos e grandes personalidades.

Uma prosa um tanto quanto agradável, diria eu sobre o que aquele senhor poderia me oferecer. Trazia detalhes sobre a fundação da cidade a até mesmo sobre os antigos povos daquela região - trazia detalhes sobre os indígenas. E sobre os primeiros moradores, as fazendas, costumes. "É este o assunto? A menina vai pegar para você tal e tal livro. Leia. Você vai gostar. Aliás, eu vou autografar um para você."

Conversando com a secretária do arquivo, ela dizia que aquele senhor era extremamente solicitado por todos que pesquisavam o lugar. Muitas e muitas entrevistas ele dava justamente pela quantidade de informações que ele tinha para dar. Não que ele fosse uma celebridade, mas era um dos poucos que estava carregando o fardo de preservar a história de sua cidade, aplicando metodologias próprias e encerrando em sua mente e em suas palavras a história verdadeira e concreta, como toda boa história local, sem aquelas rigorosidades teóricas.

Aquilo me deixou feliz por ver o empenho de um velho senhor em uma velha situação - preservar a História. Me deixou perplexo por um outro lado, pois aquele velho arquivo estava fadado a um triste destino.

Somos seres humanos. E morremos. Obviamente não é diferente para aquele senhor, com suas xícaras, seus contos e vivências. O Arquivo era ele, por isso que era tão pequeno o espaço. Todos que iriam pesquisar sobre a história da cidade passariam pelo seu crivo, e não pelo crivo do próprio arquivo - ali estão tais e tais coisas - e a secretária apenas levanta-se para obedecer ordens, tirar xerox dos documentos indicados e servir café. Os documentos teriam voz? Por que não entrevistar aquele senhor que tem todo o conhecimento?

Aquilo me deixou triste, por ver que em uma cidade como aquela, com tantas mentes universitárias, e até mesmo com um curso de arquivologia, o sistema aplicado estava fadado a passar pelos olhares de um velho senhor, conhecedor da História daquela cidade.

Ele era a História em si, enquanto que o arquivo era o registro físico daquilo que ele não tem como guardar na mente - é a representação documental dos seus pontos de vistas, de seus resquícios pessoas, e do comando de uma história - de prefeitos e celebridades.

Sempre acreditei que o arquivo em si deveria ter uma vida própria, em que funcionários fariam fluir todo o seu conhecimento por meio de pesquisas pessoais para assuntos das mais diversas opiniões. Ledo engano para aquele arquivo - ele era o dono da voz e da vez. E a vez está muito próxima a passar por um destino desconhecido, em que não haveriam mais indicativos pessoais, o conteúdo daquele arquivo poderia ser modificado e tudo que um dia sustentou-se pelas costas e pelo historicismo local daquele velho indivíduo, deixaria de existir. Seria levado para o túmulo.

Pela primeira vez na minha vida, vi um arquivo em falecimento - morrendo aos poucos, sendo explorado por um único ponto de vista, por algo incrivelmente assustador - a história de uma velha cidade fadada ao esquecimento. Pela primeira vez, um arquivo sem vida própria, carregado por um guindaste com cabos prestes a se romper.

sábado, 15 de maio de 2010

Último dia de vagabundo

Não sei se já repararam, mas tenho uma certa tendência de reparar o que anda rolando na mídia, e não foi diferente desta vez. Deparei-me com um comercial um tanto quanto atrativo do EcoSport 2011 da Ford.



Um comercial um tanto quanto atraente. Se fôssemos pensar no objetivo, de demonstrar que o carro é um dos meios da busca da liberdade, da vida sem limites, esse comercial atingiu o seu objetivo. Jovens entre seus 20 e 30 anos em busca daquilo que o mundo melhor oferece.

Quem dera fosse qualquer mundo, mas é o mundo natural, sem prédios nem antenas. É o mundo em que não dependemos da rotineira vida de trabalho. Nosso despertador toca, plena segunda-feira... por que trabalhar?
Não! Vivamos a vida de amizades e naturezas.

E no outro dia? Mais um dia de viver como se fosse o último dia. De naturezas e prazeres. Não há obrigações: uma placa de não ir em frente significa "burlar e saltar para o mais profundo rio de ausência de obrigações."

E por que não dizer também que podemos encher uma piscina com espumas e fazer uma festa que nunca ninguém faria?



Talvez o espiríto envolvido nesta situação não é diferente da liberdade que proporciona um carro - muito pelo contrário, essa foma de expressão pode ser feita até mesmo com uma bicicleta de traseira abarrotada de espuma. Mais uma vez juntamos os amigos e convocamos o mais célebre dos instintos: BE THERE. Esteja no lugar do divertimento, da festa, dos amigos, do diferente.

E por que não dizer também que o seu tênis, o seu pisante também lhe proporciona prazeres fantasticamente incríveis?




Este comercial, envolvendo celebridades da atualidade (coincidentemente ou aparentemente jovens) apresenta uma alternativa um anto quanto parecida com o comercial da Smirnoff - um ambiente alternativo, porém de aceitação universal, tal qual a própria mara da Adidas. Todos sempre s reúnem em uma felicidade coletiva, praticamente enebriante, em que todos sem excessão são felizes com Adidas. Lá está ele, o tênis, compartilhando o momento ao lado de tantas pessoas famosas que fazem a opção pessoal de usarem tal marca.

Intriga-me a forma pela qual somos envolvidos nessa situação toda - os comerciais, apresentando vidas ideais, festas alternativas bacanas em um grupo jovem.

Maravilhoso se não fosse fora da realidade. Creio eu que os dois últimos comerciais demonstram o prazer e ser jovem, de estar em ambientes completamente urbanos, porém facilmente burláveis, como quem quebra regras do cotidiano social -o mundo cinzento do concreto armado não foi feito apenas para apartamentos e empresas - eia a criatividade e o mundo proporcionado pela quebra de ambientes rigorosos no comercial da Adidas e Smirnoff. Subir uma escada rolante com um saco cheio de espuma, cujo volume ultrapassa os limites físicos da pobre escada não é dizer  que "eu-posso-e-ponto-final"? Ter a melhor manobra de skate e promover uma corrida sem motivos aparentes, com uam torcida numerosa e animada não é dizer que "agora-eu-consigo-alcançar-meus-limites"?

E por que não bater em um dispertador e abrir uma lista de afazeres, de estratégias bucólicas? O indivíduo não precisa do "cinza-concreto", já tem em si o "verde-mata". É a forma pela qual podemos obter o mundo da imortlidade, de atingirmos nossas metas e vivermos sem grandes preocupações. O próximo dia será o dia de "viver-o-último-dia-despreocupado-de-obrigações".

E por que não dizer que os três comerciais, coincidentemente, como tantos outros mundo afora, não apresentam as dificuldades ou o dinheiro que temos que ter para obter um desses produtos? Não, o prazer não tem preço.

Não tem preço eu ter entrado em uma sala de aula do Segundo ano do Ensino médio do estado (SP), e percebido entre os cadernos dos alunos que o desenho que eles mais gostavam de fazer era o símbolo da adidas. Linhas transversais em uma cor universal - o preto. Fiquei um tanto quanto incomodado com isso, pois percebia que os alunos sequer usavam algum produto da marca. Mas lá estava o símbolo, tanto no quadro de recados, riscado à ponta de um compasso, quanto na última folha do caderno. O que atraía esses alunos?

Talvez não seja as fortes marteladas que o mundo dos comerciais dão, indicando um mundo ideal, com aquele produto? No imaginario daqueles alunos, o mundo ideal era fora da realidade financeira deles - era imaginativa e tinha um símbolo definido. E de outras marcas também, o da Nike, Puma e outros. Cujos produtos falsificados rendiam-lhes comentários entre os colegas de que aquele está com uma boa marca. Falsificado. Com o símbolo ideal, numa vida igual. Nada mudou, a não ser a atenção recebida. Um problema de carência e de um idealismo que fere a quem não vive a "realidade-símbolo".

O mundo ideal é demonstrado por uma bebida, um carro e um tênis. Por quem não pode ou não tem, fica o mundo da imaginação da amizade, liberdade e prazeres.

O alvo é a juventude - pronta para viver e compartilhar sentimentos. O alvo é a juventude que se confunde com o mundo real e se confunde com o mundo irreal - conquistar objetivos sem preços. Nem limites. Ua bela de uma manipulação mental.

E por que não dizer da manipulação mental quando estamos em um mundo, cujos jovens tem tantas dificuldades em escolher suas carreiras, em dizer como será o amanhã, ou mesmo pensar no futuro? Carpe diem diria eu aqui, mas o carpe diem dos comerciais é uma oferenda a juventude que prefere o fácil, as praias, o burlar, a piscina de espuma em uma festa alternativa, com a presença de Snoop Dog.

Mostrar que o mundo dos prazeres tem seus objetos definidos é fácil. Lembrá-los do mundo real, dos salários, do concreto, das notas baixas e da vida difícil, cansa. Vamos viver o que há de bom. O despertador toca para um dia de prazeres, não de estudos. O tênis me leva para um local esquisito de gente legal, não para a minha escola. A vodca faz uma festa criativa, não um hospital e para a glicose.

Eu posso me considerar velho perto dessa geração que vivencia tudo isso, mas não sou burropara enxergar que a realidade é mais crua que imaginamos. Que tudo que conquistamos depende de nossos esforços, não aparecem num estalar de dedos. Que a sociedade massacra tais cérebros em favor do consumismo inútil. De deixar de ser vagabundo que vive a beira-mar e trabalhar em prol do bem-estar da sociedade. Que não é o tênis que fará a escolha no questionário da Fuvest quanto ao curso que vou prestar. E que tudo depende(infelizmente) do dinheiro, então acorde e vá lutar pelos seus sonhos, pois nada aparece num toque de varinha.

Eu e todo mundo, inclusive a nossa juventude, não depende de carro, vodca e tênis. Pode ter diversão, mas não uma estigmatizada. Podemos ír à praia paradisíaca, mas o carro pode ser um fusca. A festa pode ser muito legal, mas fui de sapatos comuns, e bebi água por ser uma opção pessoal.

No final de tudo, se tirássemos o carro, a vodca e o tênis, veríamos que tais marcas ideais são apenas objetos. Poderia ser uma garrafa de água. Ou mesmo um fuquinha 66. Por que não sandálias confortáveis? É a mídia. São os cérebros.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Preto e branco

É interessante o como as cores possuem poderes sobre as atitudes das pessoas. Não tenho nenhum estudo sobre a influência delas em nosso cotidiano - é só observarmos as cores específicas para os comerciais de nosso dia-a-dia - o vermelho para os refrigerantes de cola, o marrom para o café e assim vai.

E por que não dizer que isso acaba acontecendo também com o nosso vestuário? E como acontece! Muitas pessoas estudam a influência das cores das roupas e seus efeitos psíquicos. Se fôssemos falar das roupas íntimas, já nos remeteríamos ao vermelho e ao preto como cores provocantes. Mas não quero me ater a este detalhe (Infelizmente...), dado que me me refiro as roupas de uso cotidiano (não que aquelas não possam ser, mas não é disso que cá estou me referindo...)

Falo aqui das roupas brancas e roupas pretas. As alternativas mais populares dos nossos dias atuais. Não sabe que cor usar? Manda o preto que tá dentro! Ou o branco.

Mas o branco suja. Facilmente. Bom, pelo menos é essa a mentalidade que nós acabamos tendo quando estamos utilizando a roupa branca. A mancha fica evidente para as pessoas - lá está ela - acusando o indivíduo que acabou de comer uma bela macarronada ou que acabou limpar a mão suja na roupa. Fica tudo evidente.

Assim como as coisas também não ficam evidentes quando usamos a cor preta. Molho? Desaparece. Aquela limpadinha na camiseta por falta de toalha? Sumiu! O mundo fica mais simples com a cor preta, as coisas existem e ao mesmo tempo desaparecem!

Desaparecer existindo: um título suficientemente filosófico com profundidade suficientemente real. Não podemos jamais abandonar o fato de que gostamos de esconder nossos mais tristes sentimentos em detrimento a outros. Gostamos de esconder nossas gordurinhas por trás de uma cor que retira o contorno. Maquiamos toda a situação po trás de uma roupa. Aliás, qual roupa merece um belo molho, a branca ou a preta?

Limpamos muito bem a roupa branca, utilizamos alvejantes e sabões ultra potentes como forma de poder recuperar o branco perfeito. A mancha nos incomoda. Mas a roupa preta não merece atenção?

Mereceria. Se colocássemos a roupa preta de molho, talvez poderíamos ver a quantidade da sujeira encrustrada em seu tecido. Mas, para que nos desgastarmos tanto com um pedaço de pano que esconde tudo?

Vamos limpar o que é evidente! A roupa branca deve ser impecável. É com ela que temos mais cuidado.

É com ela que mantemos o nosso rótulo em dia. Que colocamos a prova todo o nosso medo de falhar ou de demonstrar desleixo. Mas com a roupa branca temos o simples costume de já saber que ela terá uma bela de uma atenção na próxima lavada. A preta, ah, ela esconde. Mas está suja.

A roupa preta é a verdadeira revelação do caráter do ser humano - evidentemente não gostamos de demonstrar nossos erros e problemas, então andamos sossegadamente pelas ruas como se nada estivesse acontecendo.

E assim vivemos, como se nenhuma mancha na nossa vida existisse, ou mesmo como se a roupa preta fosse evidentemente preta. Sem sujeiras evidentes.


Não conheço um dentista ou um médico que use ao menos um jaleco na cor preta. Ou mesmo um cabeleireiro. E por que não pastor? É a forma de mostrarmos nossa pureza diante das situações cotidianas - o branco do médico nos acalma e nos demonstra segurança. De fato pode ser uma forma da roupa ficar evidentemente marcada contra qualquer sujeira e não haver contágio de alguma doença por aquele pedaço de tecido. Mas branco nos acalma.O ambiente fica mais leve.

Assim como acreditamos que a roupa branca também auxilia a passagem do ano novo. Misticamente ou por costume socio-cultural usamos o branco no final do ano para um pedido generalizado de paz - como um rito comum entre as pessoas de demonstrarem seus sentimentos perante si mesmos. De transparência, beleza evidente para um bom ano. É generalizado, a cor é predominante.

Mas o branco é o disfarce do dia 31 de dezembro - no dia seguinte, o branco é trocado facilmente pela roupa normal, e tranquilamente costumamos ouvir das bocas brasileiras que todos aqueles desejos de um ano melhor, de mais prosperidade, ficaram manchados na roupa do ano passado.

Entre preto e branco, somos indivíduos que medem nossos sentimentos por meio das evidências cotidianas. Escondemos e mostramos. Escondemos nossas manchas que existem em nosso interior. Evitamos nos manchar para que ninguém possa ver nossas falhas. Deixamos as nossas manchas muito bem afastadas de nossa falsa brancura. E a roupa preta continua suja. E limpa ao mesmo tempo, escondendo nossas negras falhas.

Limpeza os dois lados precisam ser bem lavados. Assim como devemos enxergar aquilo que escondemos. Ou deixar que as pessoas vejam nossas falhas, sem que tenhamos vergonha.