O que eu estou falando, é mais ou menos o que se passa nesse comercial aqui:
Não é direto, a informação é indireta, no sentido de vender salsicha. E vende. Também dera, se trata da mais famosa marca deste ramo.
Não me interessei pela indução do comercial. Mas pela mensagem que nos leva ao famoso: "puts que comercial legal!".
A mensagem que cá divulgo é a discussão apresentada pelo conceito de família. Um simples conceito e tocante.
Suficientemente tocante para que eu possa refletir sobre o que vem ocorrendo para que esse comercial mude tanto aquela visão de uma família aconchegante, paternalista e caseira.
Se fossemos observar o Brasil varonil do meio do século XX, podemos observar uma sociedade industrializada. E a casa? Ah, a casa, o lugar do convívio entre filhos e pais, onde o aconchegante espaços refletiam uma possível união filial.
E não seria diferente o conceito de família: Uma mulher extremamente dentro do lar, um homem preparado para a vida e as crianças na escola.
Um conceito extremamente dos anos 60. Qualquer filme de época faz questão de registrar essa identidade familiar. Mas toco nesse assunto agora e sobre os meados dos anos 60 no Brasil para refletir sobre uma outra família.
Esse homem que mantinha a mulher em casa ( E que considerava a mulher que trabvalhava fora de casa como uma tremenda aberração, pois mulher tinha o tanque e fogão como orquestra) e um convívio confortavelmente feliz, também é o macho que mantinha uma outra vida.
A vida da farra, dos puteiros, dos bares. Sim. Puteiro. Escrevi puteiro. Incomoda? Então escrevo zona. E não estou falando de todos, mas que aconteceu, pode ter certeza: aconteceu. E muito próximo do seu nariz, meu caro.
Sim, esse homem símbolo de uma estrutura familiar potente vivia também na zona. Assim fica melhor? Talvez seja o momento pelo qual a família começa a mudar sua característica feliz e passa a ser uma divisão de convívio social.
Na zona, o garanhão poderia aproveitar de todos os prazeres mundanos que a família não proporciona. Óbvio, a mãe da casa não era pra brincar. Era para amar, para zelar e cuidar do progresso familiar. E onde ele vai pra descarregar sua testosterona? Em casa, com a mamãe? Aquela clássica figura materna (que Freud explica, mas deixa esse barbudo de lado agora faz favor!), mãe dos filhos? Não. É. Lá mesmo. Na zona. ( O bom que escrever zona é mais rápido - puteiro demora um pouquinho mais. Então escrevo zona. ZONA.) É lá que existe o homem que não é de casa. É lá que esse trabalhador vomita o sofrimento do cotidiano.
Pare para conversar com uma pessoa dessa época. Zona era um local de convívio social, onde se conversava e discutia assuntos. Rolava sexo? Ô! Mas também rolavam diálogos. Conversando com um desses antigos frequentadores, a frase foi contundente: "Tinha uma mulher lá [numa zona em Marília] que tinha um francês impecável! Ela era muito inteligente: era gostoso ir lá só pra conversar com ela." (Sei. Só isso.)
Pronto: dois espaços de convívio - a zona e a casa. O bem e o mal. Convivendo pacificamente. E longas e escondidas são as histórias das mamães que sabiam da galhada que aos poucos cresciam na cabeça, mas para preservar a posição familiar, jamais reclamaria.
E não seria diferente com os botecos. Ou bar. Os famosos botequins são também o espaço de vivência social fora da seriedade urbana. Uma cachaça ali, uma conversa aqui e mais amigos! O desabafo de longe da casa é quase que psicológico. As amizades fraternais vão se tornando relacionamentos semelhantes a família. Mas não é a família em si. Mas se cria uma união de confidências muito próximas.
Agora eu enfio a colher no meio da sopa e tiro aquele "senhor" pedaço de batata! Ah, a família picotada. Uma é a família criada, casada e de orgulho nacional. Outra é a família de desabafo e prazeres. Da cachaça. Do sexo.
Posso dizer, que segundo o que penso, a família começa a modificar seus padrões por meio do desenvolvimento social da indutrialização. Tantos parceiros na fábrica ou na empresa, por que não conviver com ele? Por que não buscar uma interligação?
Dois espaços, duas famílias. Ou três. Quantas forem necessárias. Não é por qualquer motivo que o comercial da Sadia explica para os dias de hoje o termo "Famílias". O convívio é multifacetado. A família tradicional é aberta a uma sociedade em que a mãe sai de casa. E que ela passa ter convívio social. E papai também. E o filho também. Poxa! O filho tá na internet, conversando com todos os amigos! E trocam confidências hein!?
Querida senhoura, que cá lê este texto e se revolta: Não se revolte - não destruí a família. Debrucei-me apenas no novo molde de família. Que tem várias famílias. Que um dia foi uma só. E que hoje são várias. É. Já se foi o lar, espaço central do amor. Amizades também constituem família. Trocas de confidências. De informações. De confiança.
A família da empresa lá de cima, do videozinho é multifacetada sim. E ela não mente: o comercial acertou o tiro no alvo. E nos chama a atenção justamente por isso. Família é sim o convívio confiável e contínuo que temos para o lado de fora uma estrutura física chamada casa.
Confuso(a)? Amplie o diálogo em casa que você irá descobrir as várias famílias que há na sua família. E que sua família não deixou de ser uma delas. E basicamente, o pé-direito para todas as outras. E só espero que as outras não sejam puteiros.
que horror! vc disse PUTEIRO!!! rsrsrs
ResponderExcluirAdorei seu texto, é um dos meus preferidos até agora.
hey Tilico!
ResponderExcluirbacana!
interessante esse seu conceito de familia, tbm me sinto assim, familia eh onde convivo, onde troco experiencias com as pessoas, às vezes lá em casa nem tem familia rs
abraço
caioman