Casos e casos, nossa mídia mágica e fofoqueira adora uma boa discussão acerca de algo que envolva escândalos.
E não tem sido diferente nos últimos dias: presenciamos as pernas da aluna Geisy Arruda, universitária a passear pelos corredores da Universidade Bandeirantes, um dos baluartes da educação superior pluralizada e sem destino correto.
Segundo a declaração da universidade o caso foi antiético e fora dos padrões acadêmicos. Asim a guria foi expulsa e até onde eu saiba, a diretoria enfiou o rabo por entre as pernas e voltou com a situação.
O que mais me espanta é a quantidade de pessoas que resolveram apreciar as pernas, fazer chacotas ou mesmo tirar fotos e filmar o que ali era exposto. Só a universidade inteira resolveu fazer um belo escândalo e a algazarra fechou para o lado dela.
Esquecemos muitas vezes que a mesma cena se repetiu na cidade de Marília, cujo caso foi que uma das alunas, cujo nome ausento, mas não o fato, teve suas fotos publicadas urgentemente há questão de 2 anos atrás pela internet. Suas fotos mostravam uma pequeno bacanal ( que termo velho!) em que ela e alguns pompeianos ( cidadão nascido na cidade de Pompéia, que não fica na Itália, mas sim nas proximidades da cidade de Marília) se divertiam.
Coincidência ou não os casos são parecidos: nos dois casos, os estudantes resolveram tirar satisfação da situação, saindo de suas salas de aula e direcionando palavras e ações as protagonistas da situação.
Talvez possamos comparar este ato com algum movimento teocrático em que mulheres são perseguidas por se exporem indevidamente perante a sociedade. Mas não é esse o caso. Não vivemos em nenhum regime teocrático muito menos somos suficientemente falsos puritanos para dizermos que não gostamos de qualquer que seja a situação, tanto da surubinha quanto da falta de cobertura de pernas.
A situação que é mais grave que tudo isso é pedagogicamente visível. Não é o fato de vermos pernas ou fotos, que nos causa transtorno.
A maior preocupação é a troca realizada no ato presencial: ao invés de entrarmos em sala de aula, por que não vamos procurar algum subterfúgio para podermos escapar dessa monotonia que é o estudar?
Nada mais simples que isso: a algazarra está na bagunça educacional que presenciamos dia após dia. Não ouvimos ninguém falando da vagabundagem dos alunos, que ao invés de lutarem por melhores estudos e melhores condições de vida, preferem trocar o estudo à bagunça.
Todos precisamos de divertimento. Mas isso tem hora e lugar. E o ensino superior não é pra isso.
O ensino superior no Brasil deve ser revisado quanto a sua formação e a sua pluralização de informações. Será que a proposta dos alunos que estão na Uniban, é a de realmente estudar?
Coisas esquisitas acontecem sempre: quantas não são as pessoas que preferem roupas alternativas, foras do comum para expressarem suas vontades? Quantas vezes não presenciei isto na Unesp? E não sai correndo atrás de ninguém com um celular para gravar ou dizer que se trata de algo bizarro?
O diferente está no cérebro dos universitários, cujo objetivo está fora da universidade. Se o espaço é preferencialmente para o estudo, a pesquisa e a extensão, por que um par de pernas atrai tantos os estudantes?
Preguiça: essa é a marca psicossocial registrada dos alunos que correm atrás de um diploma pago e nada querem de conhecimento - se qualquer outra coisa lhe chama a atenção é que todo o resto de nada presta.
Um par de pernas de fora não assusta ninguém: nenhum brasileiro acha isso feio em qualquer novela, ou em qualquer revista sensual. O que nos assusta é a quantidade de cérebros inúteis cujo objetivo universitário está fora da própria universidade. Pagam para lá estar, e não estudar - motivo psicológico definido pelo descaso de uma universidade inteira parar por causa de uma única pessoa.
Os cérebros é que estão de fora. O ensino superior é o que está a mostra. O descaso por uma universidade digna e de respeito é o que está de fora, é só ver a quantidade de universidades que surgem ano após ano, sem um propósito sério de existência. O ensino superior brasileiro é verdadeira prova do desinteresse educacional.
Por que não questionamos a quantidade de pesquisas desenvolvidas por aquela universidade? Por que não procuramos saber a quantidade de mestres e doutores que compõem as cadeiras dos cursos que tanto vemos nascer? Por que não discutimos o processo seletivo que realizam para selecionar novos alunos? Discutir putaria e pernas de fora é cabível aos estudantes, que deveriam se preocupar com suas pesquisas e a forma com a qual ele poderia colocar em prática tudo aquilo que ele vem aprimorando? Pernas e sexo são só desculpas para não estudar e provar que que nosso ensino não é superior.
Adorei seu texto! Realmente, essa é a chave da questão e eu não vi ninguém da mídia comentando sobre o verdadeiro aspecto do ato: nada mais era do q uma desculpa pra matar aula. Pra alguns, um diploma universitário é algo q se compra, indo algumas vezes por semana pra um lugar por alguns anos, até q ele seja entregue.
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