quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Presidentes e presidentes

Como o Brasil mudou depois que acabou a Ditadura Militar! Foi um alívio para os brasileiros saber que dali para frente poderiam eleger um presidente.

Muito bem, elegeríamos uma personalidade de nossa própria sociedade que estaria apto a realizar o bem para todos os brasileiros.
Bom, começamos com uma eleição indireta, mas não era um militar ( E nessas horas podemos até esquecer que ele fazia parte da antiga ARENA, mas tá tudo bem, a liberdade é o que conta!) quem estava no poder. O sentimento de mudança pairava no ar. Mas não na economia. O Brasil carregava uma tradição inflacionária que começou a assar numa forma cheia de fermento a partir da década de 70.

Mas não estou aqui para discutir quem ou como foi que algum presidente da república se elegeu. Cá estou para fazer uma discussão mais profunda: ser presidente.

A figura do presidente, e não só o da república, é a imagem do salvador, do indivíduo que produzirá modificações suficientemente gloriosas. Por isso que talvez gostemos tanto de imaginar que os poderes estão centralizadas em apenas em uma única mão.

Mas brasileiro esquece de uma coisa. E do que ele não esquece, não é mesmo? Tem que votar pra tanta gente que memória fica sobrecarregada, e a gente acaba nem sabendo o que o Deputado Federal vai fazer. Enfim, não desviemos nossa conversa.

Voltando ao real interesse, esquecemos que nossos presidentes podem e designam pessoas de sua confiança para realizar suas tarefas. Ah, temos pouco tempo, então precisamos de ajuda! Se fosse no caso do governo do Brasil, a situação é lembrar que ele tem 4 anos para realizar seus planos. Para isso, nomeia-se os ministros! Ufa!

Assim eles poderão atuar tal qual o próprio presidente. Então divide-se em pastas importantes e começamos a caminhar. Depois passam-se os 4 anos e muda tudo, se não houver a reeleição como estamos testemunhando nos nossos últimos 2 presidentes da república.

Contando com a possibilidade de se mudar, o caminho pode passar por novas políticas. E novos ministros. E novas formas de governo. O outro presidente sai e é descartado. É ex-presidente, ou não presta pra mais nada. Já foi presidente.

Eis que o caos comanda. Ou ele virá a ser um indivíduo que critacará as ações do atual presidente ou apoiará se, no caso, for o novo presidente, do seu próprio partido. Apoiando ou descendo lenha, é ex-presidente do mesmo jeito.

Uma das coisas que mais me incomoda é esse comportamento: será que o indivíduo não presta para mais nada depois que foi presidente? Ou ataque ou apoio?

Imagino como funcionam nas pequenas estruturas que dependem de presidentes. Estou falando de pequenas estruturas locais que são suficientemente atuantes na nossa espfera social, tal qual associações de bairro ou mesmo grupos sociais, como o Rotary, Rotaract, Ordem DeMolay, Lions e a Maçonaria. E por que não falar dos Síndicos? Líderes pressionados e imaginados em mentes negras como figuras empaladas... pobres figuras!

Frequentemente esses grupos mudam de presidente, em média de ano para ano. Podem ser em períodos diferentes, mas possuem um período menor que a superestrutura brasileira. E são presidentes. E atuam em pontos locais, em núcleos bem mais reduzidos que a bucha de ser um Presidente da República.

E pelo que eu saiba, as buchas locais são tão complicadas do que as buchas maiores. Tais grupos atuam na ferida em si, num ponto que quem está olhando de cima, não enxerga. Talvez cubram até a atuação que quem olha de longe deveria fazer.

Mas estão lá, trocando frequentemente de presidente. E continuam. E que coisa incrível! Ex-síndicos, ex-presidentes de Lojas Maçônicas, ex-presidentes de Rotary e Lions permanecem atuando! Como presidentes? Não, como líderes, abraçando a causa e ajudando a outra presidência.

Não posso generalizar e dizer que todas essas organizações são perfeitas - lembremos que em teoria sim, mas em casos e casos, tem alguns probleminhas. Mas retirando os probleminhas, temos uma proposta em nível local muito interessante - que se mude de presidente frequentemente e que o outro que saiu, continue atuando. Proposta básica e simples, que não interfere no ideal maior - de fazer o bairro funcionar melhor, de fazer a nossa sociedade ser um pouco mais ativa e criar um aspecto de cidadania mais amplo do que imaginamos.

Entra presidente, sai presidente, as associações enquanto terceiro setor permanecem com as mesmas propostas, querendo crescer e atuando em seus pequenos espaços.

A proposta é simples: Um síndico quando deixa de ser síndico, continua morando no seu espaço. Um rotariano depois que se torna um ex-presidente, continua rotariano. Um presidente de Loja Maçônica também. A atuação enquanto um morador de bairro, ou qualquer que seja a organização continua.
Imaginem como seriam as organizações se seus ex-líderes fossem expulsos ou deixassem de atuar? O que aconteceria com esses agrupamentos? Provavelmente desapareceriam. Os síndicos deixariam de morar no prédio, um a um, até acabarem os moradores, as associações de bairro veria em conta gotas, o bairro se esvaziar.

A atuação local é mais importante do que imaginamos. Nenhum síndico é presidente do Brasil. Nenhum Mestre Conselheiro ( como se chamam os presidentes da Ordem DeMolay) possuem pastas ministeriais. Mas tem eles um espaço aberto. Para antes e depois de serem presidentes. E a proposta em geral é: não estou mais na presidência, mas abraçarei a causa e farei que nossa proposta continue, ao lado do próximo.

Acreditamos que toda a situação prevaleça assim. Presidente após presidente, ter a mesma prosposta - um ideal maior, positivo e sempre fazer cada vez mais. E depois de ser presidente, continuar atuando. E se errar em algum aspecto, fazer com que na próxima não ocorra.

Finalizando a questão, não precisamos ter cargos para sermos agentes da modificação da nossa sociedade. Não precisamos ser presidentes. Precisamos de braços que vão à luta, independente de posições hierárquicas. Que enxergam que as coisas não morrem quando tudo vai funcionar na mão de fulano ou sicrano. A coisa tem que funcionar independente de alguém: um desejo maior de esperança deve sempre prevalecer entre todos.

Quem dera nossos presidentes da República não fossem meros espectadores de uma sociedade em bancarrota, que preferem fazer discursos críticos, como se ele não fosse mais cidadão brasileiro, ou que o que importa é atuar enquanto presidente. Depois não se pode fazer mais nada.

O que seria do nosso país se um presidente, após o outro, tivéssemos governantes, que, apesar de partidos ou militâncias, lutassem pelo bem, como ex-presidentes? O que seria do Brasil, se nossos presidentes reconhecessem seus próprios erros e auxiliassem os novos a fazer o bem?

Aliás, o que seria do Brasil se parássemos de culpar apenas o presidente da República, que só sabe olhar de longe e começássemos a observar essas estruturas locais que existem? Do céu, o Brasil é um misto entre "amarelo e matas". De perto, está nossa própria pele. Os pequenos presidentes. As pequenas organizações. Que tanto ignoramos.

3 comentários:

  1. Tilico,onde voce coloca as mudanças??? o dinamico avanço???
    Estamos engatinhando nessa tal democracia,lembra da revoluçaõ francesa??Vamos chegar lá, sem a guilhotina.
    Estamos começando a andar só agora, depois de 30 anos de ditadura!!!O que estamos vivendo é consequencia ,tipo causa e efeito.

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  2. Gostei Tilico! Bela reflexão. Dela é possível tirar vários outros temas para debate. Um que chama a atenção, e que você também lembra no texto, é em relação aos partidos políticos. O presidente no Brasil governa no limiar entre seus valores e princípios ideológicos pessoais e valores e princípios ideológicos de seu partido. Exemplo disso é a mudança de postura do PT durante seu governo. Temos uma postura do Lula quando militante sindical e uma quando candidato em 2002. Tem-se uma posição dos partidos em que se deve respeitar mais suas posições do que as necessidades de um país. É a partir daqui, sem me prolongar muito, que vejo sua reflexão. Pode ser pela postura dos partidos que existam ex-presidentes não participativos.

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  3. Tilico, é, essa é uma questão que você sempre aborda! Faria muito sentido tudo isso, seria muito melhor para o nosso país. Mas tem uma coisa que acontece e que é o que você sempre diz, pois quando um presidente sai da presidência, ele só aparece para falar mal da atual presidência ou apontar o que ele fez! Então ai acontece aquilo o que voce sempre diz: " é facil chegar la e criticar, apontar os erros, mas arregaçar as mangas e fazer mudar, ninguém quer" ( algo assim ). E uma outra segunda questão é, o homem, é um ser humano que insiste em seu orgulho e ego, insiste em não aceitar o seu erro, ou passar por cima do próprio orgulho, então se as rixas já existem durante candidaturas e até os mandatos, jamais um dos dois lados, iria se rebaixar para AJUDAR e não opinar, no próximo governo. Talvez se esta hamornia existisse, seria completamente FALSA. Por isso precisamos de líderes de bem, com pureza em seu coração, e não só os líderes, mas todos os civis. Porém isso é muito dificil acontecer, pois temos orgulho e arrogância até no assunto religião, onde igrejas de mesma crença, tentam umas serem melhores do que as outras.

    Com isso, entendemos que a SOCIEDADE está perdendo toda a ESSENCIA e PUREZA da vida, que vêm do criador, da natureza.

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