Incrível! Todos já assistimos um dia que fosse, esse tipo de desenho em qualquer que fosse a idade.
A fórmula era incrível: um problema aparecia, eles procuravam por pistas, um cachorro e um "jovem com larica" correm atrás de comida, um casal se metia em enrascadas e por um acaso ajudavam a pobre CDF que saìa a procura por pistas mínimas, e que ligavam o caso em uma trama sem caminho de volta - e zaz! Um mascarado era descoberto. E sempre um mascarado.
Desvendar criminosos era o mais legal desse desenho que foi lançado no final dos anos 60 nos Estados Unidos da América. E deu certo! Os detetives duraram por 18 temporadas a contar do ano de seu lançamento em 1969. E não foi o Scooby Doo que corria ( e quem disse que ele ainda não corre?) para salvar a sociedade. Anteriores a eles, temos o Capitão América, Superman e outras figurinhas características, que são revisitadas até os dias de hoje, e continuam a vender revistas e produzir filmes.
O ponto não é esse. É interessante o como eles faziam com que jovens que fisicamente estão na fase de transição do mundo da puberdade para o temeroso mundo adulto pudessem desvendar mistérios criminosos. E desvendavam sem dó nem piedade, apesar do cão ser medroso.
Essa juventude dosanos 70/80 que curtiram tais desenhos, vivenciam hoje uma nova onda de descobertas criminalísticas, cujo o papel volta-se para coisas reais, para algo que envolva uma realidade muito próxima a sociedade americana atual.
Para eles, não passa desapercebido uma informação sequer. São astutos e não deixam um vestígio sequer de lado. Em pequenos olhares desvendam-se problemas, cujo distintivo policial contrasta o significado de poder perante os homens de bem. Um dos exemplos que cito aqui é a trama policial "Law and Order", cujo nome um tanto quanto sóbrio revela em seus episódios, a necessidade de organizar a sociedade desajustada e desvendar crimes complicados, com uma gigantesca equipe que não tem hora pra respirar
Um dos casos mais interessantes dos dias atuais é um investigador chato que sai procurando vestígios comportamentais que demonstrariam a culpa diante de um crime ou não. E o protagonista não tem dó: descobriu o vestígio, já fala pro pobre observado que solta as informações psicologicamente confidenciais. Não é por acaso que seu seriado se chama "Lie to me", tornando muito bem claro o papel do protagonista: Mentiu, descobri.
Tão chato quanto o nosso "desejoso de mentiras", é o nosso "Mentalist". Já na abertura dos capítulos, torna-se muito bem claro que um "Mentalista" útiliza sua capacidade mental diferentemente de um encaminhamento espiritual, ou seja, perpassa pelo mundo físico, e não metafísico.
Um indivíduo de personalidade irônica-estranha, cuja situação do seu cotidiano e a de desvendar por meio de complicadíssimos raciocínios que só ele consegue fazer (e sua parceira só acompanha e não entende nada, coitada...). Vai chegando em raciocínios lógicos e pronto! É só ter 5 minutos de conversa em uma sala de interrogatório e o irônico investigador descobre o criminoso. Sai uns tiroteios de vez em quando, mas a cara do irônico não se mexe por nada.
Diferente do nosso mentalista, temos a pobre mulher que não pode ter um bom sonho durante a noite, que durante o sonho acaba descobrindocoisas que acontecerão futuramente. Daí cabe a você a pensar num caso freudiano, que todos os homens são responsáveis pelo seu sonho, logo isso seria o caso da protagonista do seriado "Medium" ser uma habilidosa manipuladora do seu próprio inconsciente. Não é esse o caso. Neste seriado, o inconsciente revela o futuro, logo a deixa parte de algo espiritual, um dom ou algo neste aspecto. Ou mesmo, ao se aproximar de alguém cuja participação no crime revela-se imediatamente em visões momentâneas. Ou tocando em alguém. Ou bebendo um simples copo d'água. Triscou, relou, está desvendado o mistério. Ou desvendando.
Mais detalhista que psico-desvendadores, mentalistas e mediúnicos, temos ainda um pobre detetive, cuja a simpatia se envolve com seu TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), por não acertar a desordem até nos mínimos detalhes. Não gosta de nada sujo, e nessa brincadeira toda, é que seu senso de organização extremamente desenvolvido pega detalhes imperceptíveis por mentes despreparadas. Sim, nosso colega Monk, cuja chatice é o que mais atrai em seu seriado é mais um desses milhares de detetives que tem dado certo na audiência americana e aos poucos está sendo semeado pela televisão paga no Brasil.
Vou agora utilizar meus poderes psico-mediúnico-compulsivo-organizacional para chegar onde quero: O raciocínio é simples e prático. Quando lançado, se o público gostar, o seriado continua. Se não gostar, sai do ar rapidamente.
Então não é por acaso que esses seriados estão sendo cada vez mais fazendo sucesso. O público gosta, e é favorável à proposta do próprio.
Trocando em miúdos, talvez possamos traduzir que, como um sentimento retido no coração dos nossos colegas estadunidenses, gostar de resolver crimes tem sido muito bom. O crime pode não existir, mas será que por trás de um falso distintivo nas mãos de um artista, cujo papel é fazer um oficial da polícia dos Estados Unidos, estão atribuídos poderes metafísicos para descobrir o mal social?
Também não é por acaso que em todos os casos, os famigerados esquisitões são oficiais de qualquer que seja a corporação militar estadunidense. Chegou, apresentou o distintivo. Que seja do FBI, um simples distintivo da polícia local, enfim, uma repartição oficial está por trás do caso.
Um esquisito (ou não) biônico (ou não) por trás de uma corporação representante da segurança nacional causa impacto. E como falamos cá no Brasil, causa IBOPE. E como causa.
Deixando o miúdo mais miúdo ainda, os nossos parceiros lá do norte tem gostado de ver a sociedade em segurança pelas mãos de pessoas que fogem a visão realista do nosso cotidiano, e tudo sempre estará bem, obrigado.
Se conversássemos com algum estudioso no assunto, diria ele que isso venha a ser um caso de temor social pós-11 de setembro. Concordo. Porém, se fossemos relacionar a atração que os Estados Unidos exercem sobre qualquer que seja o ser humano neste planeta, é que tudo está bem por lá, sua riqueza e empregabilidade estão bem e seu presidente é um dos melhores. E pra se manter como um dos melhores, por que não mostrar que criminosos não tem vez? Ou fantasiar que o crime, mesmo que perfeito, esvai-se pelos vãos dos dedos dos desapercebidos meliantes?
A fantasia americana é de que todo crime é desvendável pelas organizações oficiais. E a fantasia sobressai diante do temer que o crime nunca ache sua fagulha de justiça. O americano passa por um momento de temer que o crime não seja descoberto, que a justiça aqui é feita. E nos seriados, isso tudo é amenizado, e o querido estadunidense, se tranquiliza. E este medo, indiretamente, dá audiência. E verba para as grandes produtoras.
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