quarta-feira, 23 de março de 2011

Fama e estudo

Quem não se sentiu mal quando o famoso ator Silvester Stallone disse que no Brasil, ao gravar o filme "Os Mercenários", soltou a belíssima frase de que "[no Brasil] você pode explodir o país inteiro e eles vão dizer ‘obrigado', e aqui está um macaco para você levar de volta para casa''. Quem não sentiu mal, não é mesmo?

Talvez isso seja fruto de sua ignorância(dizem ter sido uma anedota, e de mal gosto). Mas, quem dera isso parasse aqui. Cada vez mais, vemos surgir pensamentos errôneos por parte de artistas.

Há tempos atrás, um dos destaques mais esquisitos foi a entrevista em que Justin Bieber, famoso e adolescente cantor, dizia que não sabia o que era alemão.



Talvez seja engraçado para quem é fã. Mas dolorido para quem acredita na educação. Dizer que não saber o que é alemão ( referente à língua ) aos dezesseis anos, é demonstrar uma grande falta de estudos. Ou quase a ausência do mesmo.

Por que não nos recordarmos das últimas semanas, em que os músicos da banda Restart, em uma entrevista, pisaram feio na bola? O baterista da banda, ao ser questionado sobre um de seus sonhos, respondeu que seria tocar no Amazonas, no meio do mato, mas o problema é que não "(sic) havia civilização por lá".



O equívoco gerou desconforto no estado do Amazonas, até gerando no Twitter um grupo contrário ao comentário,  #manausodeiarestart. Para isso, retorno àquilo que repito e insisto. Onde está o estudo dessa rapaziada?

É fácil alcnçar na juventude, uma odisseia em que muitas pessoas sonham: a fama. Possuir fãs, público gigantesco e até ganhar milhares atrai o foco da mídia. Trata-se de um movimento da dúvida adolescente, pensar no futuro e conquistá-lo sem esforços.

Este é o mal caminho. O da fama? Não, a ausência de estudos (que perpassa pela ausência de esforços). Em questões de pouquíssimos segundos, conseguimos enfiar o pé na jaca por falta de cultura.

No fato de Justin Bieber, trata-se da ausência de estudos. De sala de aula. A fama está alcançada, para que serveria então a escola? Simples: bastam 27 segundos para que o indivíduo demonstre o quanto ele não se esforçou em uma sala de aula como muitos dos nossos adolescentes fazem diariamente.

O fato da banda Restart passa pelo mesmo caminho. Mas nos machuca por ver uma banda brasileira, idolatrada por milhões de adolescentes. Dizer que no Amazonas supostamente "não tem civilização" mostra o quanto que o indivíduo faltou ou deixou de prestar atenço nas aulas de densidade populacional, povoamento do Brasil ou mesmo sabe pouco sobre o país onde ele nasceu. Lembra-me muito a situação do povo ir para o exterior por ser mais chique, mas evita a própria cultura e nação por não ser algo "grandioso".

Minha critica não foca a musicalidade, e sim a falta de saber. Não critica adolescentes, mas sim, a consequência de suas demonstrações de falta de estudos básicos.

Dizer que não sabe "o que é alemão" é demonstrar que não sabe o que é o outro: quem possivelmente ouve e cantarola as canções fora da América anglo-saxônica. Falar que não sabe o que é "alemão" é demonstrar a falta de cultura, ou mesmo o mínimo de saber o que se faz fora do seu próprio país.

A mesma coisa serve para o Thomas, o baterista da banda Restart. Falar que não conhece o que tem no próprio país é um tapa na cara de qualquer estudante. É provar que damos muita importância para outras nações ( por que não a exarcebada pluralização da vertente cultural estadunidense?) e a nossa morre em mistérios. Não saber que no Amazonas tem civilização é dizer que um dos principais polos industriais do Brasil não está lá instalado.


É não ter o mínimo de observação em tudo que nos passa, e ao menos uma vez em nossa vida, pegar um aparelho produzido no Brasil e ver o selo do "Pólo Industrial de Manaus". Dai pergutaríamos basicamente: quem o produz? É este passarinho que está no selo ou seriam seres humanos (proletariados) que passam por horas dentro de indústrias em troca de uma coisa chamada salário?

O mais interessante de tudo é que o pobre selo pede: "conheça a Amazônia". E pelo jeito muita gente não tem lido este pequeno recado, não no fato de ir até lá, mas pelo fato de saber o mínimo sobre o seu país.

O que falta a estes artistas é fazer uma coisa chamada "tarefa de casa", ao saber onde podem estar. Ter conhecimento geral é uma obrigação a um indivíduo que alça fama cosmopolita. É dizer que sabe onde pisa. É dizer que sabe para quem canta. É dizer que sabe o mínimo esperado por um adolescente.

Mas demonstram que não sabem. Que não deram tanto valor a construção do saber quanto deveriam. Mas há tempo e lugar: aproveitar a fase da adolescência e terminar (corretamente) os estudos em uma escola( No caso do Stallone, quiçá um EJA). Se terminaram, revisem (decentemente).

Esse tipo de coisa não depende de acessoria de imprensa. Depende dos indivíduos. De suas mentes. Da construção dos seus saberes. E exige cuidado: nossos adolescentes os veem como exemplos.

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