Já dizia o bom e "popular" livro, "O corpo fala" de Pierre Weil e Roland Tompakow que Sigmund Freud, ao fumar seu charuto, é olhado com espanto pelos seus alunos, como quem se remete aos cuidados de uma "fixação oral". A resposta de Freud foi simples e curta: " As vezes um charuto é apenas um charuto." Ponto final.
Não! Não acabou. A minha linha de raciocínio está ser desenvolvida ainda ao longo deste texto. É só pensarmos que nem tudo é o que a gente pensa ser, muitas vezes as respostas são mais simples do que imaginamos.
Talvez seja essa a abordagem que não compreendemos quando estamos diante de um outro país, outra cultura e outra religiosidade. Talvez a nós ocidentais seja estranho que um rio como o Ganges seja tratado com muito respeito religioso, ou mesmo que observemos pessoas fazendo oferendas a deuses com oito braços. Estranhamos plenamente, pois aquele deus não tem um significado para nós. Diriam os ocidentais que o Deus, Jeová, Javé, Jesus, é o Deus. E este é o familiar. Logo, para nós, aquela divindade é uma mera curiosidade diante de adorações e oferendas místicas.
Mas também não somos obrigados a acreditar que aquela divindade é uma divindade. Simplesmente existe e ponto final. A adoração é daquele povo, e enquanto a minha crença não for modificada, não a verei como uma divindade. É uma preservação de opinião.
É não tem sido diferente nesses últimos tempos... nossas divindades espantam-se ao não serem reconhecidas como deuses. Ao ler rapidamente o comentário de Fernando Fernandes sobre o comportamento observado por ele sobre a reação dos sul-africanos ao verem a Seleção Brasileira de Futebol, percebi o quanto tudo isso é semelhante, em um certo aspecto, à charutos e deuses desconhecidos. Viu serem os jogadores assediados ao irem a um shopping para tomar sorvete. E ao visitar algumas meninas em um jogo de Netball, serem completamente ignorados.
Ótimo, enquanto os brasileiros apreciam a visão de que temos deuses do futebol, e que eles representam o ápice do esporte, tudo isso não passa de um "mero fato estranho" entre as gurias, jogadoras deste tão desconhecido jogo. Para elas são deuses dos outros, e não nossos. Mas não compreendemos desse jeito - insistimos que nossos deuses são deuses de todos e devem ser adorados.
Talvez seja o mesmo espírito pelo qual os espanhóis e portugueses vieram para o Brasil trazendo Jesuítas para a catequização de pobres almas indígenas, crentes de uma divindade estranha, cujo deus maior e desconhecido deveria pairar em tais pulsantes corações.
Nem todo deus é deus em todos os lugares. Nem todos os brilhantes jogadores da seleção brasileira de football são divindades em todos os lugares. São seres humanos como quaisquer outros, mas como somos orgulhosos por demais nesse sentido, as outras pessoas é que são tolas em não compreender tal situação.
Nem todo charuto é uma lembrança dos peitos de mamãe. Nem toda deusa Shiva deve ser reverenciada por todas as pessoas que não acreditam nela. Nem todo indivíduo da seleção de futebol é um brilhante jogador a toda humanidade, a ponto de merecer tietagem de todos os seres humanos. Pode ser para nós, mas não podemos obrigar ninguém que acredite no contrário, que de fato são.
Felizes são as meninas do Netball, que estão sem entender até agora o que aqueles jogadores do Brazil foram fazer ali.
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