sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Mal desnecessário

Quem nunca deu uma passada pelos canais na parte da manhã e deu uma olhada em alguns desenhos? De fato, ninguém seria obrigado a assisti-los. Mas com certeza já reparou que existe algo muito incorreto ocorrendo. E tem se tornado comum entre as animações.


A origem desses desenhos é a mesma: Estados Unidos. E pode até ser que esse tipo de personagem venha se repetindo talvez por ser muito comum, talvez como um pedido de socorro. Mas trata-se de uma divulgação mais comum do que imaginamos e fica evidente que a coisa não está bem por lá. ( Não que não estivesse bem por aqui... enfim). Estamos falando de personagens que praticam o famoso bullying.


O caso fica claro quando apresento o personagem Francis da série de desenhos animados Os Padrinhos Mágicos. Trata-se de um personagem aparentemente mais velho e que comete diversas atrocidades em sua escola. Seu alvo é todos os dias procurar fazer alguma coisa ruim com o personagem principal Timmy Turner e com os demais "colegas".


Não necessariamente ele aparece em todos os episódios ( não que eu assista, óbvio) mas ele constantemente aparece nos episódios e toma suas atitudes grotescas e descabidas.


Ele vem acompanhado por um outro personagem um pouco mias velho, não pela idade aparente no desenho mas pela sua atuação e pelo lançamento do desenho. Trata-se de Nelson Muntz, personagem do famoso desenho The Simpsons.


Não diferente de Francis, Nelson também é um personagem fora dos padrões. Seu bordão "Ah-ah!" é referente ao fato de todas as vezes que alguém se dá mal no desenho, ele aponta e faz uma gozação do personagem. 


Posso pontuar aqui uma série de situações que os colocam em comum: a família é extremamente ausente ou inexistente, o que faz com que cada um desses personagens tomem atitudes sozinhos, independente de comandos familiares. Quando são agredidos por alguém maior, sempre deixam bem claro sua infantilidade - o que aparentemente é um "adulto violento-resolvido" passa a ser uma criança que pede ajuda, podendo até chorar.


A questão que fica a tona é: onde está a família? Serão esses dois personagens reflexos da ausência contínua das ações maternas/paternas ante a educação individual da criança/ adolescente? De fato eles possuem firmeza psicológica para se acharem adultos, e demonstrarem sua raiva por meio a violência ao outro?


A imagem desses dois personagens reflete muito bem que a coisa não está boa. O mal tem se tornado comum. Pense: os personagens são realmente necessários para os desenhos animados? Por que eles não apresentam uma melhoria psicossocial? Não eles, não tem jeito. Ficarão eternamente fadados a transferência da violência como forma de satisfação do ego.


Os pais sempre serão ausentes. Eles nunca aparecerão, quando aparecerem, as suas atitudes serão nulas. Óbvio que ambos os desenhos apresentados carregam uma série de ironias e sarcasmos que os tornam engraçados. Mas deixa claro que tal mal é normal.


Como podemos pensar que o mal é comum e não fazer nada? É uma via indireta que esses desenhos apresentam, isso é comum na sociedade. Aliás, para os dois casos apresentados, são necessários. Quem será a imagem problemática?


O bullying é algo existente, mas será que podemos aceitar como algo comum e que nunca mudará? Será que os pais serão sempre ausentes? 


A proposta não é tornar nossa sociedade definitivamente maniqueísta, mas quando o mal persiste e não se faz nada, algo está errado.


Nelson e Francis refletem uma realidade.  Podemos rodar nossos canais pela manhã, ver tais personagens. Nosso dever é  ficarmos indignados. A maternidade/ paternidade é mais do que necessária: é a base da formação individual. Nenhum adolescente é adulto suficiente e a violência jamais será a principal forma de demonstrar potenciais. Nelson e Francis deixam bem claro que são agressores e já foram agredidos. A ausência de pais é a maior delas. Talvez até mesmo fisicamente devem ter aprendido apanhando. E deste jeito ficaram violentos. 


Não podemos ver tudo isso como comum e bem aceito. Uma criança que sai batendo em todo mundo é uma demonstração de uma criança ferida, não de alguém forte. Entre sarcasmos e violências, este mal é extremamente desnecessário em nossa sociedade. 

2 comentários:

  1. "Não necessariamente ele aparece em todos os episódios ( não que eu assista, óbvio)"... ahan! rsrs
    ótimo texto!

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