São raras as oportunidades pelas quais ocupo-me da televisão no sábado. E uma das oportunidades que tive foi quanto o programa Caldeirão do Hulk apresentou uma de suas atrações: Lar doce Lar.
O ponto específico deste dia foi que Luciano Hulk resolveu auxiliar um indivíduo de 76 anos a recuperar sua casa na cidade de Cascavel, no Paraná. Sr. Ananias com seus 6 filhos, que foram abandonados pela mãe ainda quando pequenos passava por um problema sério: tinha perdido a guarda de seus filhos pela questão da precariedade de sua moradia. O juizado da infância e juventude devolveria a guarda se o Sr. Ananias desse uma moradia digna aos seus filhos. Do contrário, as crianças permaneceriam em um abrigo infantil.
Sr. Ananias passou boa parte de sua vida recolhendo pelas ruas de Cascavel papeis e o que fosse necessário para poder manter a renda da casa. Mesmo assim, como tentativa de construir uma casa digna, ele viva recolhendo resto de construções para aos poucos, construir novos cômodos para seus filhos.
A Vara da Infância julgava que mesmo com esse árduo trabalho de Sr. Ananias, ainda não havia possibilidades de uma boa moradia para as crianças.
A luta da vida de Sr. Ananias era de trazer de volta para o seu lado, depois de toda uma vida, seus filhos. Mas mesmo assim, não conseguia.
Tendo recebido o caso do Sr. Ananias e averiguado a gravidade da situação da casa, o programa escolhera tal caso para remodelar por completo a residência.
A reconstrução foi extremamente diferenciada, visto que de um "barraco" passara para uma residência com móveis e estrutura dignas.
E não seria diferente quando o Sr. Ananias recebera a casa: uma surpresa expressa mediante uma timidez visível e de olhares de agradecimento que valeram naquele momento muito mais do que qualquer palavra. E tendo passado por toda a tarefa de averiguar a nova casa, a próxima tarefa seria a de receber de volta a guarda das crianças, visto que a casa era significativamente digna de moradia e cuidado.
A surpresa neste momento foi a de Luciano Hulk - ao receber o Juiz da Infância e Juventude, Sr. Ananias emocionou-se.
Luciano Hulk reparou imediatamente na emoção de Sr. Ananias ao receber o Juiz, verbalizando a situação de que "Sr. Ananias se emocionou mais com o juiz do que com o trabalho de modificação da residência." Ficou estranho pois a modificação da casa foi espetacular. Mas por que a emoção só realmente apareceu com o juiz?
Simples: imagine que você lutou a vida inteira por uma causa e alguém o ajuda. Óbvio que o débito de gratidão é a primeira coisa esperada. Mesmo assim, o que ocorre neste caso é que Luciano Hulk foi a figura participante no auxílio de algo que ele fez a vida inteira: tentar dar uma moradia digna aos filhos.
O juiz é a representação da consequência imediata, do ponto final de toda a luta, de todo o trabalho de uma vida inteira. De anos catando papel na rua, de anos recolhendo restos de construções. A produção do programa fez o que o Sr. Ananias tentou fazer por toda a sua vida. O juiz seria a representação final.
O Sr. Ananias queria uma casa digna. Queria um espaço de convivência mínimo para os seus filhos. Não queria a casa mais bela da cidade. Queria seus filhos.
Em cada pedacinho de construção que seu Ananias recolhia, o sonho de seus filhos estarem juntos de sua convivência era reanimada. O "Lar doce Lar" foi o pedaço que faltava. O objetivo assim, da luta árdua de um septuagenário, de trabalhar dia após dia cansavelmente pelos seus filhos, terminara ali.
Neste caso, o espanto de Hulk é que foi estranho.
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