
Porém os programas de televisão que visam a comédia tem se valido desse tipo de recurso: fazer com que seja engraçado alguma coisa qualquer. Um sujeito pensa direitinho onde era pra ser engraçado, insere o som da risada e lá está uma comédia.
Eis o problema: se você está assistindo a uma comédia, logo espera-se que haja graça. Ouve-se, pensa-se e logo capta-se o risível. Porém, isso já está pronto, com um apertar de botões.
A comédia televisionada tem tirado e eliminado qualquer tipo de possibilidade de fazer com que haja uma compreensão. Esta compreensão faz com que haja uma interpretação. Sim, algo engraçado faz com que o indivíduo pense. Que reflita sobre o dito e faça com que busque a graça.
Se já vem pronta a risada, tecnicamente já viria pronto o pensamento e a necessidade de rir. Logo, aquilo torna-se sem graça, a risada torna-se automática tal qual exigem os produtores de um determinado programa.
Pensar em algo engraçado é complexo: faz com que haja uma reflexão sobre o cotidiano, sobre a situação política, faz com que o sujeito pense sobre seus próprios preconceitos ou sobre os preconceitos alheios (O que é alheio pode ser a projeção do próprio indivíduo, pensariam em uma análise...) Faria com que houvesse uma reflexão sobre a trama apresentada, sobre todo assunto em si. Fazer rir inclusive seria um ato de não rir, de achar não engraçado, de poder investigar internamente o que se passa e não considerar engraçado.
A comédia, antes de qualquer coisa faz pensar. Faz refletir. E os risos ao fundo tiram essa possibilidade. tornam a plateia que se manifestam quando o letreiro pisca, domando-os. Quem assiste é domado a rir. Quem assiste não tem a obrigação de refletir. A comédia torna-se então um ato de duvidar da capacidade do homem de construir linhas de raciocínio sobre determinadas situações, e para este caso rir quando o outro quiser.
Lembremos sempre que toda e qualquer emoção deve ser própria do indivíduo: rir quando achar graça, chorar quando achar triste. A emoção quando dominada passa a ser um meio pelo qual outros possam necessariamente dominar, manipular, tornar o chato e o patético forçosamente engraçado.
A risadinha ao fundo de qualquer que seja a comédia que se preste a utilizar deste recurso nada mais é a prova de que o risível precisa ser repensado. Talvez se tirassem a risadinha do fundo e os aplausos da plateia não fossem acesos por um botão muitos programas seriam símbolos do tédio. E se assim forem, não vendem nada.

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