A imagem mais tradicional da escolha do arroz é aquela em que todo os seus grãos estão em uma peneira, e em um local claro, vão sendo retirados os grãos ruins ou pedras ou qualquer outro objeto indesejado. É comum também que se empurre o arroz com a parte de fora dos dedos, empurrando o arroz da parte de cima para um outro lado, dando a possibilidade de se ver o arroz mais abaixo e retirar as impurezas.
O costume perdura: há que se averiguar se não há sujeiras, mesmo onde não é necessário. Interessante foi uma senhorinha que, no deleite de um churrasco, antes de sair a carne, resolveu petiscar alguns amendoins.
Eram do tipo "japonês": casquinha característica, salgada e bem apreciada como uma entrada. O potinho estava naquelas mãos. Não foi necessário nem dois segundos, e seus dedos entraram em ação.
Pegou o amendoim desejado? Não, empurrando com a unha, com a parte de trás dos dedos, foi empurrando o amendoim. Tal qual ela faria se escolhesse o arroz. Empurrou o amendoim não desejado e pegou o que lhe interessava. Lá se satisfazia a nossa personagem. Lá ela escolhia o amendoim desejado, entre todos os outros iguais.
Para que escolher tanto o amendoim se todos eram aparentemente iguais? Sabemos que temos amendoins maiores, outros menores, mas são amendoins. Porém em sua ação, precisou escolher. Tirar o melhor entre os outros. Procurar e afastar o errado.
Passamos tantos momentos de nossas vidas a procurar erros e saná-los. Retirar impurezas e usar o que há de bom. Nos preocupamos a todo momento. Achamos pedrinhas, pequenos insetos e problemas a todo momento. Talvez precisemos repensar nosso cotidiano e perceber que podemos estar bem sem que procuremos erros. Simplesmente confiar naquilo que está a nossa volta por termos certeza da qualidade que há ou que foi empenhado e simplesmente curtir. Descansar. Aliviar.
Passamos muito tempo procurando por impurezas e pouco desfrutamos de nossas próprias purezas.
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