Todas as vezes que chegamos em casa, depois do trabalho, ou depois de uma bateria de estudos em nossas escolas, sempre temos algo que está em nosso cotidiano. Alguns sentam-se diante do televisor e assiste a programas sobre esportes, outros sentam-se diante da família num requintado almoço, outros nada fazem.
Ótimo! Cada um tem seu hábito e seus próprios costumes, que não precisam ser transmitidos a ninguém. Absolutamente ninguém. A não ser que a pessoa de fato queira pluralizar situaçoes para outras pessoas, mas não sei até que ponto que tudo isso seria de fato interessante. Pode ser que em uma conversa sobre hábitos, surjam determinados comportamentos, porém não conheço ninguém que tenha me abordado do nada e dito coisas sobre seu cotidiano íntimo, como "oi, tudo bem? Acabei de levantar do sofá e fui ao banheiro. Depois voltei para o sofá" - um tanto quanto inútil.
A bem da verdade, estou citando o fato de que o nosso íntimo mais íntimo, aquilo que não contamos a ninguém, é apenas nosso. É aquilo que é reservado ao nosso momento em que não queremos compartilhar nada com os outros, simplesmente nosso. De mais ninguém.
Porém, nos últimos tempos, tenho acompanhado uma invasão de privacidade muito grande por parte da internet. Pessoas invadindo computadores? Não. É o simples e fatídico caso das pessoas ativamente passarem informaçoes sobre suas vidas em sites de relacionamento mundo afora.
É o caso do twitter. Considerado um dos divulgadores instantâneos de maior impacto informativo dos últimos tempos, este tem sido um dos veículos mais utilizados pelos internautas, para expressarem seus sentimentos. Neste caso, estou sendo específico nos assuntos íntimos. Sei que o Twitter não é só isso, também tem uma prestaçao pública interessante, mas, neste caso, o enfoque é no quesito "pessoal".
Tenho twitter e não utilizo como talvez algumas pessoas acreditam ser ideal. Náo tenho tempo suficiente para isso, muito menos paciência. Mas quando falamos de vida íntima, observo o quanto as pessoas tem se preocupado em divulgar o que elas fazem no seu íntimo. E por que não dizer o que as pessoas estão fazendo na hora exata, mesmo não tendo um computador disponível? Basta um ITouch e as informaçoes em tempo real são divulgadas.
Sinceramente, estou cansado de ver pessoas dizerem que vão ao supermercado e voltarão em breve, ou que irão fazer algo que não seria de fato do interesse de ninguém. Simplesmente divulga-se o inútil como espetacular. O que é nosso, só nosso, virou dos outros.
A fofoca tornou-se ativa. Aquilo que os outros descobriam e logo era divulgado sem a permissão do "acusado", agora tornou-se cotidiano. Todas as pessoas fazem questão de justificar o que fazem de suas vidas sem que de fato o outro necessite. Se estão em uma balada, falam que estão afim de alguém próximo, como se isso fosse um problema do mundo
Carência. Resumiria toda essa situação nessa singela palavra. Estamos carentes do contato humano real, e tentamos a cada dia, fazer com que as pessoas enxergassem no virtual, como seria o real. Sempre faz-se algo. O ócio é proibido e demonstra uma morte eletrônica - sem mensagens, não existe.
Dinho Ouro Preto teria expressado em sua letra o que talvez seria esse mundinho sem o twitter - um mundo escondido e íntimo, onde as pessoas não saem divulgando, mas fazem por fazer parte de suas vidas. Sem que os outros tenham a real necessidade de saber. Aliás, o fato delas não saberem tornam os atos extravagantes e emocionantes.
Agora, o extravagante tornou-se cotidiano. O íntimo tornou-se social. Pobres almas que cuidavam de suas almas por si só, e que hoje se sentem obrigadas a ter que fazer os outros verem o que se passa de fato em suas vidas. O que é meu é seu.
Achamos esquisitos BBB's, realities shows, mas vivemos em um. Atualizado em tempo real, sem Pay Per View.O que você faz quando ninguém te vê fazendo, virou passado. E em uma carência generalizada em tempo real.
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