Duas pessoas que chamaram a atenção de muitas pessoas.
Eis que um indivíduo nos seus 40 anos (suponho) resolve explicar para sua filha com seus visíveis 6 ou 7 anos, os detalhes das obras de arte do Romantismo europeu e s pinturas que sofreram influências deste período
. Quadro a quadro os dois passavam e o determinado pai explicava com detalhes o que se passava em cada quadro.
Era um "olha ali: tá vendo aquele pássaro? Ele representa a tranquilidade." depois a menina era questionada sobre a data "lê pra mim: que ano foi feito esse quadro? Então esse é mais velho que o outro, concorda?". Na atitude do pai, (aliás louvável ao pensarmos que está a levar a filha a um museu) visivelmente uma pessoa muito bem esclarecida sobre as artes, uma excelente boa atitude vazava pelos poros. Porém, para a figura da criança...
...não sei se ela estava realmente entendendo tudo aquilo. No frenesi imposto pelo pai, a garota mais parecia alguém que estava servindo de alvo para que o pai pudesse expor suas ideias. Ela estava muito mais agitada do que atenciosa. Muito mais afoita do que em absorção de ideias.
Em nenhum momento a menina era questionada sobre o que era o quadro, o que ela achava, o que ela via. Era um bombardeio de informações gigantesco, como se pás de letras fossem jogadas no ouvido da pequenina. E lá ia o indivíduo explicando detalhes acadêmicos a uma guria com imaginações inexploradas.
Fiquei imaginando: o que poderia ouvir um tão sábio de uma menininha sobre os quadros mais clássicos do romantismo? Cada coisa que ela poderia dizer, com certeza iria sair dos padrões acadêmicos. E seria dela. Marcaria ela o quadro para si. Mas não foi o que ela teve de oportunidade. Ela teve que escutar.
Ela teria muito mais a dizer. Uma pintura diante de um acadêmico versado em tal tema é um prato cheio. Mas para uma criança, viraria um mundo de imaginações e criações mentais. Não era o que acontecia. Era uma passagem de um quadro para o outro recebendo informações numa agitação desnecessária.
Eu via palavras que ecoavam museu afora, menos chegando na menina. E ecoava nos ouvidos de todos os visitantes. Minha única saída era ter que esperar o lente insignificante passar com suas inúmeras informações para que pudesse ver a exposição do meu jeito. Mas mais tempo, menos tempo, ali aparecia o chato.
Crianças devem ser questionadas sobre o que elas estão vendo. Sobre o que elas irão fazer e por que irão fazer. Num momento de aprendizagem, ainda mais nesta idade, a imaginação transborda, e precisa ser utilizada. Crianças não compreendem explanações acadêmicas, são detalhes de adultos. Elas entendem os detalhes delas mesmas e pode ter certeza, elas estão a espera sempre, de explorarem sua criatividade, ou seja, elas estão querendo explorar o mundo a sua volta.
Uma patética explicação de um entendido, que mais se mostrava ao público em voz alta que ali estava como uma pessoa "inteligente".Visivelmente um exibicionista que estava ali para se mostrar aos outros do que um pai realmente preocupado com a exploração da imaginação da filha. Uma pena. Um desperdício.